Narrado por Emanuelle
A ala velha da mansão cheirava a passado e pecado.
Os degraus de madeira afundavam sob meus pés como se estivessem cansados de carregar segredos. As janelas altas, cobertas por cortinas pesadas de veludo vinho, deixavam a luz entrar apenas em fragmentos tímidos, como se o tempo ali dentro obedecesse a outras leis.
— A partir de hoje, você só sobe aqui comigo. — disse Elisabeth, ao meu lado, os saltos firmes marcando o ritmo do novo mundo no qual eu entrava.
O corredor era estreito, revestido por painéis escurecidos pelo tempo. Retratos emoldurados de mulheres me observavam com olhos pintados e rostos austeros — avós, bisavós, antepassadas de sangue nobre e intenções sombrias. Havia algo na expressão delas que me arrepiava. Não eram retratos de família. Eram avisos.
— Todas essas mulheres reinaram. — disse Elisabeth, notando meu olhar. — Algumas com veneno, outras com silêncio. Nenhuma com fraqueza. Mas força é algo que você tem por natureza.
Ela abriu uma porta n