Capítulo 54 | Lobo

Papai me levou até a ponte, me deixou ver o rio sob ela. Esta manhã, bem cedo, arrumamos nossas poucas coisas e deixamos o hotel.

– Vamos para casa – ele disse, extremamente animado. 

Eu concordei – apesar de parecer que ainda não devo ir, que há algo que preciso fazer, pessoas a quem preciso dizer adeus. Devem ser apenas os lobos, ou os cervos, ou os coelhos, ou as árvores. Talvez todos eles. Afinal, não recordo de muito mais que isso. O lobo tem roubado a maioria das memórias. Talvez isso o acalme. Mas não tem me deixado muito satisfeito.

Há dias em que acordo com medo de esquecer quem sou agora, então recebo lampejos de memórias antigas, que podem pertencer ao lobo, não a mim. São borrões coloridos, manchados de vermelho, olhos felizes, um garoto meio triste que não sabe o que está fazendo e uma garota seguindo seus passos, um pouco atordoada, mas seguindo ainda assim. Não sei seus nomes, eles só falam sobre despedidas e des

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