Cerise arrumou a dispensa — que sempre fora vazia — com lençóis amarrados de um jeito cômico, alguns dos quadros da sala e o futon dos tempos das vagas esqueléticas. Deu um jeito de trazer alguns dos móveis velhos do porão sem que sua mãe soubesse, além de coisas inúteis que um ex-lobo jamais usaria, mas dão um ar jovial e vivo ao local.
Mogli olhou tudo com olhos gulosos, fez questão de tocar as paredes e tudo o que, agora, lhe pertence.
Ele gostou das cortinas de lençol, da janela pequena e baixa, de todos os tons de vermelho e lilás que conseguimos colar naquelas paredes verdes.
Bem depois de todas as luzes terem sido apagadas, ouvi passos em frente a porta. Ao abrir, o vi parado lá, em frente a janela da cozinha, olhando para a noite e todas aquelas árvores robustas.
Fui a seu encontro.
— Não consegue dormir?
Ele não respondeu, apenas suspirou um pouco e tocou seu próprio