O mordomo começou a dispersar os convidados, bloqueando os olhares que ainda tentavam espiar. O chefe da segurança se aproximou para ajudar Ícaro a se levantar.
Mas Ícaro afastou suas mãos com força, jogando-se sobre o caixão de cristal. Empurrou a tampa e, com as mãos trêmulas, tocou meu rosto.
Tudo o que sentiu foi o frio da morte.
Tirou o próprio paletó e cobriu meu corpo, enquanto esfregava minhas bochechas com as mãos. As lágrimas escorriam e caíam sobre meu rosto.
— Isadora, por que você está tão gelada? Vou colocar roupa em você, aí você vai esquentar. Acorda, amor. Eu te levo pra casa. Isadora, hoje é o nosso casamento. Sem você, como eu vou viver? Você foi mesmo capaz de me deixar aqui, sozinho?
A voz dele já saía falhada.
Um dos funcionários se aproximou com meu celular. Entregou nas mãos de Ícaro, com um tom neutro, impessoal:
— Este é o celular da senhorita Isadora. Há um recado deixado para o senhor.
Ícaro olhou a tela. A gravação era da noite de dois dias atrás, às dez da