Maitê
Me transformei em uma versão nova para mim, todas as vezes que olhava pra Guilherme, ele estava me encarando, então decidi ser um pouquinho ousada e o provocar, aprendendo com Aline, descer até o chão. – Isso ai amigaaaa! Estava na minha segunda garrafa de cerveja, mas prometi que seria a última, ainda não estou acostumada e não estou afim de acordar outra vez de ressaca. De longe vi Douglas e Guilherme conversando, achei estranho mas tentei não me importar. Não demorou para Bruno chegar atrás de Aline e puxar sua namorada pra perto. Continuei dançando, mas quando ouvi sua voz atrás de mim, me arrepiei por inteira, olhei pra ele confusa, de pouco em pouco Guilherme foi se aproximando, fazendo meu coração se acelerar, um nervosismo bater, não conseguia me mover, eu queria aquilo, imaginei como seria seus beijos, até sonho eu tive e antes de qualquer outra reação, ele me beijou, senti meu estômago se agitando, apoiei minhas mãos em seu peitoral e ali, me perdi naquele pedaço de homem, já sabendo que não teria mais volta, não depois daquele beijo. Sua língua dançava com sincronia junto com a minha, tirando todo nosso fôlego. Quando se afastou, quase deixei escapar um grunhido de frustração, Guilherme parecia tão atordoado quanto eu, era impossível que só eu estivesse sentindo aquelas coisas. – Ai papai me apaixonei. Acabei rindo e afundando meu rosto em seu peito, inalando o seu cheiro, o que quer que seja tudo isso que ele está causando em mim era bom demais ou talvez, eu esteja fantasiando coisas. Fiquei com o gostinho de quero mais daquele beijo, Guilherme me puxou pra sair dali, parecendo querer fugir de alguém e me surpreendeu quando chegamos no seu carro e me imprensou, me lascando outro beijo, só que mais desesperado dessa vez, como se dependesse disso. Senti minhas pernas falhando com aquela pegada, quando senti um volume me pressionando na coxa, minha intimidade pulsou, ele estava excitado e saber daquilo, me deixou também, me fazendo sentir um calor no meio das minhas pernas. Deslizei minha mão pelo seu peitoral, Guilherme apertou minha cintura, se pressionando ainda mais em mim e um gemido se escapou dos meus lábios, o fazendo estremecer. – Porra! Ele xingou ainda com a boca na minha, mordiscou meu lábio inferior e chupou, eu estava entorpecida. Senti sua testa se encostando na minha, Guilherme acariciou meu rosto com as costas de sua mão, tentando controlar sua respiração. — Achei vocês! Guilherme se afastou na mesma hora, desviei o olhar pro meu amigo, que estava com um sorriso de como se tivesse acertado na loteria. Ao seu lado, uma garota com um vestido colado, com seus seios quase a mostra e coxas bem visíveis, tentei ignorar seu olhar pra cima do Gui, mas que garota cara de pau. – Desculpa, viemos pegar um ar. – Um ar? Me conta outra Guilherme. Eu bem vi o ar que vocês estavam pegando. Ouvi a risada do meu melhor amigo, por um impulso, puxei Guilherme para trás de mim, ficando em sua frente, vê se aquela garota me enxergava ali mas foi como se eu nem existisse, a própria piscou em direção a ele, senti uma de suas mãos na minha cintura, me puxando e fazendo o contato com nossos corpos. – Eu a levo pra casa hoje, vai curtir a sua noite, relaxa. – Tem certeza? - Ele olhou pra mim, desviei meu olhar por segundos pro meu amigo. – Absoluta, quero ir com o Gui. - Um outro sorriso surgiu em seus lábios. – Ok, aproveitem a noite também. Ele piscou, agarrou na cintura da garota e a puxou pra ir mas é claro, que antes, ela fez sinal pra Guilherme em forma de "me liga", deixando um papelzinho cair no chão, como tem a coragem de fazer isso sabendo que estava com outro? Que garota sem noção! Me afastei e me virei pra encarar Guilherme que parecia estar segurando um sorriso. – O que foi? – Eu que pergunto a você, o que foi isso? - O mesmo cruzou os braços, desviei meu olhar, nem eu entendi aquela minha reação, só que aquilo me incomodou. – Eu só... só quis tentar colocar a garota no lugar, ela estava com meu melhor amigo e dando em cima de você. Que tipo de pessoa faz isso? Como Douglas é tão idiota assim? Guilherme gargalhou, olhei pra ele séria, o mesmo levantou as mãos em redenção e se desencostou do carro, se aproximando de mim. – Hoje em dia as pessoas são assim mas porque isso me diz que não foi exatamente dele, que você estava preocupada? – Porque mais seria? Guilherme parou, desviou o olhar, fazendo uma cara estranha, em seguida passou por mim, o acompanhei e o vi se abaixando pegando o papel que a garota havia deixado cair de propósito. – Então.. não se importaria se eu ligasse pra ela? - Abri minha boca chocada, sentindo uma pontada de ciúmes? Cruzei meus braços. – Claro! Se é desse tipo de mulher que vocês homens gostam hoje, fica a vontade, mas não se esqueça, Douglas faz parte do seu grupo de amigos. Minha voz saiu mais irritada do que eu esperava, Guilherme riu, aumentando ainda mais a raiva que estava consumindo dentro de mim, é fácil ter um corpinho bonito e uma beleza de dar inveja, mas a aparência engana muitas vezes. – Você consegue ficar ainda mais linda bravinha, puta que pariu! – Quem disse que estou brava? - Ele novamente riu, jogando sua cabeça para trás e se aproximando de mim. – Maitê assumi que você sente uma sensação estranha quando toco em você, que seu coração acelera quando estou muito próximo, que esse beijo, de alguma forma, também mexeu com você, te deixou tonta, atordoada, não é possível que só eu sinta isso. Fiquei olhando pra ele em choque, eu sentia, sentia tudo isso e um pouco mais, então quer dizer que éramos tipo, alma gêmeas? Que era isso que as pessoas sentiam quando encontravam a sua metade? – O que isso significa? – Eu não sei, a única coisa que eu sei. - Ele esticou seu braço e me puxou, colando completamente nossos corpos, e aquela onda eletrizante, percorrendo nas veias. – Que quero beijar esses seus lábios macios. Quero você! E outra vez, sua boca se encaixou na minha, como se fosse feita perfeitamente pra mim, apoiei minha mão em seu ombro, meu coração errando as batidas, eu sentia como se estivesse nas nuvens, flutuando. Perdi o foco da minha respiração em segundos, aquele era o melhor beijo já dado em toda minha vida, não que eu tenha beijado muitas bocas por aí. Meu plano de focar somente nos estudos e me manter longe de qualquer cara, não deu muito certo, fui fisgada desde a primeira semana e agora, Guilherme sem dúvidas, me tem nas mãos. Subi minha mão para trás de sua nuca, arranhando de leve com minha unha enquanto levava minha cabeça pro lado oposto, sua língua explorava cada canto da minha boca, sua mão firme me segurando logo abaixo da minhas costas, Guilherme parecia estar se controlando e não querendo ultrapassar limites comigo, mas era possível sentir seu volume me pressionando, estávamos com os corpos completamente colados, não tinha como não sentir. Outra vez ele parou o beijo selando nossos lábios só que dessa vez, não consegui evitar um gemido de frustração com o afastamento da sua boca da minha, um sorriso surgiu em seus lábios. – Está tudo bem? - Assenti com a cabeça, ficando um pouco sem graça, lógico que ele perceberia. – Sim. – Olha eu não estou mais afim de voltar lá pra dentro, tenho algo mais interessante aqui mas se você quiser voltar, eu volto, por você. Eu não queria voltar, estava bom ficar com ele, então passei meus braços ao redor do seu pescoço, entrelaçando minhas mãos logo atrás. – Eu não quero voltar. Um sorriso perfeito surgiu em seus lábios, Guilherme inclinou a cabeça, eu pensei que ele iria me beijar outra vez mas ao invés disso, apenas depositou um beijo em meus lábios e se afastou. – Então, que tal a gente sair daqui? Acho que eu gostaria de um lugar mais privado pra nós dois. - Arregalei meus olhos, sentindo meu coração parar. – Ah não, não foi bem isso... quer dizer... eu sou homem e você deve ter percebido mas não foi isso que eu quis dizer. E se fosse exatamente isso que ele queria, eu também desejava só não sei, se estava pronta para nesse momento isso rolar entre nós, eu ainda quero entender o que está acontecendo, o que são todos esses sentimentos e sensações que está causando no meu corpo, já me entreguei uma vez, entreguei o mais puro de mim para uma pessoa que na verdade, fez aposta com os amigos. No tom da sua voz, no desespero de se explicar, conseguia enxergar a sinceridade. – Tudo bem, acho que ficar assim em público não é muito do meu feitio Guilherme acabou rindo, pelo menos eu o fazia rir, ouvi o alarme do seu carro sendo desativado, me afastei e o mesmo abriu a porta para mim. Agradeci e entrei, logo ele fechou a porta, deu a volta e entrou, dando partida, não sabia pra onde estava me levando, mas pouco me importava. Uma de suas mão pairaram em minha coxa, alisando a mesma e me causando um formigamento entre minhas pernas, esfreguei uma na outra um pouco sem graça, um sorriso de canto surgiu em seus lábios mas ele se manteve a total atenção na estrada. Tentei manter meu foco nas luzes da cidade, mas sua mão sobre minha perna, não estava me ajudando, como eu poderia ficar excitada apenas com seu toque? Me remexi incomodada e ele a retirou, me fazendo reclamar com um som que escapa da minha garganta. – Você tem certeza que está bem? – Ah! Eu tô sim. Ele me olhou rapidamente, dei um sorriso torto, o mesmo voltou a atenção para estrada e eu o observei, outra vez, o que ele viu em mim? Guilherme podia ter a mulher que quiser, isso já ficou nítido pra mim, elas não tinham nem a vergonha em disfarçar, o olhavam descaradamente, até entendo, porque olha pra esse homem? É literalmente um pedaço de mal caminho. Quando o carro parou, desviei meu olhar e franzi as sobrancelhas, estávamos na praia. Guilherme desceu do carro e deu a volta abrindo a porta para mim. – Porque estamos aqui? – Eu acho que aqui é o lugar mais calmo a noite. – E perigoso também. - Ele sorriu, arqueou a sobrancelha, desci e o mesmo fechou a porta atrás de mim. – Confia em mim? Não vou deixar nada acontecer com você. Assenti, uma brisa fria assoprou fazendo minha pele se arrepiar, Guilherme riu, abriu a porta de trás e tirou uma jaqueta, jogando por cima dos meus ombros e passando seu braço pelo mesmo, me conduzindo a andar. – Espera ai. Ele parou, me afastei e me agachei para tirar as sandália, Guilherme fez o mesmo e me ajudou, me arrancando um sorriso bobo, cavalheiro? Até demais pro meu gosto. – Deixa isso comigo. Ele as segurou, ofereceu sua mão livre e a peguei, nossos dedos se entrelaçaram e senti um friozinho na barriga. Andamos pela areia, quando se aproximamos do mar, ele soltou minha mão para tirar seus tênis, eu continuei, molhando meus pés, observei aquela imensidão de estrelas no céu, o dia amanhã iria amanhecer quente e lindo. Fechei meus olhos por uns segundos e inspirei o ar puro, ouvindo apenas o barulho das ondas se quebrando mas fui chamada atenção quando senti seus braços me envolvendo na cintura e me virando pra si. Nossos olhos se cruzaram, Guilherme afastou uma mecha de cabelo em meu rosto, seus lábios se contraíram em um sorriso lindo, seu dedo polegar se deslizou da minha bochecha até minha boca, tranquei minha respiração no mesmo instante, ele me deixava nervosa. – Acho que temos um problema aqui. – Um problema? - Franzi a sobrancelha sem entender, o meu único problema era a boca dele longe demais da minha. Seu sorriso se intensificou no rosto. – Eu acho que viciei em seu beijo, porque pela quarta vez, estou louco pra te beijar. - Acabei soltando uma risadinha sem graça, mordi meu lábio inferior e seus olhos desviaram para a minha boca. – Então, nós podemos resolver esse problema. Eu o surpreendi, ficando na ponta dos pés, com uma mão apoiada em seu rosto, o beijei, adentrei com minha língua em sua boca, entrelaçando com a sua e ouvindo surgir um grunhido da sua garganta. Suas mãos apertaram minha cintura e me puxaram para colar nossos corpos, meu coração acelerou e rapidamente a minha respiração ficou irregular. (…) GUILHERME Eu viciei naquele beijo, perdi as contas de quantas vezes a beijei só naquela noite, era viciante e toda vez aquela mesma sensação estranha presente, não era uma sensação ruim era boa, boa até demais, eu nunca me senti assim na vida. Estar na companhia de Maitê era gostoso, nossa conversa fluía e perdíamos completamente a noção do tempo. Rimos, brincamos, namoramos ali naquela areia, ouvindo as ondas se quebrarem, meu coração estava eufórico e saber que Maitê estava me retribuindo, me deixava em alerta de não magoá-la, ser sincero. Ela sabia que eu quase casei, mas não sabia realmente a história, ela merecia saber, só que não agora, eu queria curtir esse sentimento gostoso que está me proporcionando e proporcionar a ela também. Quando a deixei em casa, fui embora com um sorriso idiota no rosto, uma vontade de ter ficado, nem que fosse apenas para dormir com ela em meus braços, ter a sua companhia, não precisávamos fazer nada, na minha cabeça Maitê é inocente, o que significa que ela pode ser pura, pura demais pra mim, talvez eu nem a mereça. No dia seguinte acordei com uma mensagem de bom dia e ela agradecendo pela noite, o que? Eu deveria agradecer ela, foi a noite mais gostosa que eu já tive, merda, eu estou me apaixonando? Dei um pulo com o interfone tocando, a pessoa parecia impaciente, quem estava ali aquela hora? Atendi e ouvi a voz do pai de Bianca, está de sacanagem? Dei permissão pra ele entrar, fui rapidamente pro banheiro lavar meu rosto, em questão de segundos ele estava já na minha porta tocando a campainha. – Bom dia Guilherme, precisamos conversar. - O seu tom de voz era autoritário, passei a mão pelo meu rosto e fiz sinal pra ele entrar, sabia que estava tudo bom de mais pra falar a verdade. – São dez horas da manhã senhor Carlos. - Ele se virou pra mim e me encarou. – Já está tarde Guilherme, que merda! Onde está seu celular? - Arqueei a sobrancelha. – O que tem meu celular? – Bianca está tentando entrar em contato com você, ela está prestes a desistir de tudo e voltar pra casa. Você precisa falar com ela. - Ri incrédulo. – Olha eu não tenho nada pra falar com sua filha. Acha que eu sou idiota? Me diz uma coisa senhor Carlos. Se fosse Márcia, se fosse dela que você receberia fotos se divertindo com outros homens, aceitaria a fama de corno? - Vi uma veia do seu rosto saltando, o próprio fechou as mãos, a expressão do seu rosto não era das melhores. – Olha rapaz, Bianca teve seus motivos, você estava ontem aos amassos com uma garota na balada mais famosa da cidade, acha que as notícias não chegariam até ela? – Motivos? Agora tem motivos pra parar na cama de outros homens? Eu sempre dei de tudo para sua filha e o que eu recebi? Vários pares de chifres. Não devo satisfação da minha vida pra mídia. Olha quer saber de uma coisa? - Caminhei até a porta e abri a mesma. – Faz um favor pra mim, não me procure, e diz pra sua filha, que eu não quero falar com ela e nem precisa fazer o esforço de vir pra cá, eu sei que ela não pode romper o contrato, terá que pagar multa, ela está só fazendo drama pra conseguir entrar em contato comigo mas eu não quero, como pode ver, estou melhor sem ela. Agora saia do meu apartamento. Carlos ficou parado me olhando, que inferno, não vou deixar meu dia se estragar depois da noite maravilhosa que tive ao lado daquela garota. Ele se caminhou até a porta e parou em minha frente, olhando em meus olhos. – Guilherme só tenta escutar o que ela tenha a dizer, acho que você gostaria de saber. Arqueei a sobrancelha, sentindo uma sensação ruim, acho que eu não irei gostar de saber seja lá o que for que Bianca tenha pra me dizer. Quando o mesmo saiu, fechei a porta e me escorei na mesma, passando as mãos pelo meu cabelo, como eu vou conseguir ter uma vida normal? Não vou, porque aquela garota vai me infernizar, principalmente quando descobrir que era Maitê , não posso deixar ela atacá-la, ela não merece, eu não a mereço. As consequências de ter me envolvido com alguém da fama é um inferno, tentei sempre manter minha vida em particular, mas é impossível, esses paparazzis estão a todo canto. Irei ter que entrar em contato com Bianca de qualquer forma mas não estou pronto agora, eu realmente não quero vê-la ou ouvir sua voz, quero paz, é pedir muito? Nada mais me importa daquela garota e não foi só porque conheci Maitê, isso já vinha acontecendo a muito tempo, só que agora eu tenho um motivo pra querer estar livre, quero descobrir mais, quero ir mais a fundo nesses sentimentos que em tão pouco tempo, Maitê me fez sentir e custe o que custar, não vou desistir, eu vou enfrentar, sinto essa necessidade, tenho a impressão que meu futuro, está bem do meu lado e sei que não será fácil. Terei que ser sincero com ela antes de que as coisas fujam do controle.