MAITÊ
Meu final de semana foi divertido, tive meu primeiro PT e aquele grupo não perdoa, gravaram tudinho, confesso que eu queria era me esconder depois de ver aqueles vídeos, jurei pra mim mesmo que não brincaria nunca mais com aquele jogo, como as pessoas podem gostar de beber e ficarem dessa forma no outro dia? Ressaca não é uma coisa legal. Decidi ficar um tempo a mais na universidade hoje, Aline havia comentando que eles disponibilizavam uma biblioteca para estudos, só não contava que Guilherme me faria companhia. Ele era um cara legal, tinha um bom papo, eu até que gostava da companhia dele mas ainda assim, ficava desconfortável ao seu lado, por causar um efeito que ainda não sei bem o que significa. Confesso que fiquei com uma pulga atrás da orelha quando me revelou que "quase cometeu o erro de casar." Aquele lugar era dos sonhos, era gigantesco, se não fosse por ele, me perderia fácil naquelas estantes com milhares de livros. Eu conseguia sentir os olhos dele queimando sobre mim a todo momento, eu já estava constrangida então chamei sua atenção e acho que nem ele havia percebido, gaguejou e abaixou a cabeça para olhar o livro em sua frente. Confesso que uma vez ou outra, meus olhos se erguiam para encara-lo, Guilherme parecia ser diferente de qualquer outro cara, gostava de ler, estudar pelo menos, ganhando um ponto positivo comigo. Observei cada detalhe do seu rosto, nariz, boca, olhos, sobrancelhas, seu maxilar bem desenhado, mas toda vez que seus olhos cruzavam no meu, sentia meu coração querendo pular para fora, um sorriso sem graça surgia dos meus lábios e eu tentava disfarçar rapidamente, desviando os olhos para os livros. Ouvi um suspiro vindo dele, ergui a cabeça e o vi fechando o livro, olhando em seguida o relógio em seu pulso e arqueando uma de suas sobrancelhas: – Caramba! Já está tarde. - Seus olhos cruzaram com o meu, mas rapidamente peguei meu celular pra olhar e assustei quando vi que a hora havia voada, sem perceber. – Droga! Tenho que ir pra casa. – Eu te levo, não se preocupe. - Olhei pra ele. – Não se preocupe, de qualquer forma eu iria ficar aqui. – Eu sei, mas olha que engraçado, eu estou aqui e morrendo de fome, você deve estar também, então podemos comer alguma coisa e depois, te levo para casa. - Nessa hora, parece que meu estômago deu o ar das graças, fazendo um barulho horrendo, Guilherme gargalhou e eu queria só me esconder de baixo dessa mesa. – Vamos! Sua barriga está em protesto. Não disse nada, apenas me levantei, passamos com a moça que cuidava da biblioteca, assinando um termo do livro que pegamos. No caminho fomos em silêncio, foi confortável, o único barulho vinha da música tocando no rádio e da minha barriga escandalosa. Me surpreendi quando ele parou em frente a uma lanchonete simples, na minha cabeça já estava pensando em como iria comer em um lugar chique e mais, como eu iria pagar, mas Guilherme era cheio de surpresas. Entramos no local, agradeci sem graça quando puxou uma cadeira para mim se sentar, isso não estava me ajudando, será que ele tem algum defeito? Uma moça veio pegar nosso pedido, ela mais se jogou pra cima dele do que outra coisa, mas ele a ignorou, só que o resultado disso? Meu lanche veio errado, Guilherme fez a questão de reclamar e fazê-la levar de volta, a mesma ficou completamente envergonhada. – Você não precisava ter feito isso. - Ele deu de ombros e sorriu. – Não é justo seu lanche vir errado. Desculpa, de certa forma a culpa foi minha, eu fui a distração. - Distração não só dela, pensei. Alguns minutos meu lanche chegou e certo dessa vez, mas uma outra moça veio nos entregar, a menina realmente havia ficado constrangida que nem quis voltar. Guilherme começou a puxar assunto e assim se foram, mais uma hora e meia, enquanto conversamos, riamos e comíamos. Fiquei brava com ele por não me deixar pagar. – Não é justo Guilherme. – Faz assim então, eu pago dessa vez e da próxima você paga, combinado? Próxima vez? Então vai ter uma próxima vez? Concordei com a cabeça, sentindo um friozinho na barriga. Logo ele me deixou em casa, me desejando uma boa noite, depositando um beijo na minha bochecha e fazendo meu corpo todo sentir a eletricidade com aquele toque. Naquela semana, nós se aproximamos, era bom demais em estar no meio dessas pessoas, eles realmente não ligavam da onde eu vinha, me encaixaram em seus grupinhos de amigos. Douglas começou a dizer que a atração minha e do Guilherme era muito forte, até questionou se havia rolado alguma coisa entre nós, mas não, só se tornamos amigos, a conversa com ele fluía levemente, ele tinha o poder de conseguir arrancar sorrisos sinceros e fáceis de mim, perdemos sempre a noção do tempo, parece que o tempo é nosso inimigo, combinamos de pelo menos uma vez na semana, ficarmos na blibioteca, uma desculpa na verdade, pelo menos foi isso que deu a entender pra mim, porque mais conversamos, doque estudávamos, sempre tínhamos que levar os livros para casa. – Galerinha! Escutem aqui. Todos aprestamos atenção no João, já sabia que lá vinha alguma coisa pra esse final de semana, que passou dois sem festas e encontrinho com essa turma. – Opa, já estava com saudades, qual a boa? – Por favor, me tirem fora dessa brincadeira de eu nunca. Todos riram, senti um braço passando por cima do meu ombro e o seu cheiro másculo, inalou minhas narinas, só pelo poder que seu toque tinha, pelo seu cheiro, já saberia que era ele. – Ah não gata, eu vou estar presente dessa vez. Olhei para ele, mas meus olhos foram diretamente pra sua boca, Guilherme estava com um sorriso lindo, que fez minhas pernas tremerem. João pigarreou, chamando a atenção novamente. – Relaxa princesa, sem brincadeira de eu nunca, dessa vez, iremos dançar muito. "Princesa" esse virou meu apelido agora não só do Dodô, mas todos começaram a me chamar assim. – Desculpa João, vocês estão roubando o que é meu. Maitê é a minha princesa. – Hummm! Está com ciúmes Douglas? - Ele me olhou e deu um sorrisinho, senti os braços de Guilherme saindo dos meus ombros na mesma hora. — Qual é a boa dessa vez João? O seu tom de voz eu poderia até dizer, que ficou incomodado com o que Douglas disse, ouvi a risada do meu melhor amigo, mas João terminou o seu convite. – Boate, tenho ingressos para área vip, a melhor da cidade! Quero todos lá. Todos concordaram animadamente, mas percebi que Douglas me olhava com um sorrisinho sacana no rosto, ele vinha de todo custo, tentando me mostrar que Guilherme não queria apenas ser meu amigo, ele queria mais que isso e pra falar a verdade? Esses efeitos que ele causava em mim, já imaginei de várias formas, como seria seu beijo, estar em seus braços. Comecei a sentir minha bochechas ficando vermelha e meu rosto esquentar, observei aquela turma, mais uma vez, se programando pro final de semana, um nervosismo me bateu, dessa vez, Guilherme estará presente, é diferente lidar com sua presença aqui e fora dessa universidade. – Está nervosa? - Douglas chamou minha atenção, o encarei, com aquele mesmo sorrisinho estampando no rosto, enquanto dirigia. – Eu tenho motivos para estar nervosa? – Ele vai estar lá dessa vez. – Mas dessa vez não é como estar em uma casa, vai ter várias pessoas e várias outras garotas que ele poderá se divertir. - Douglas soltou uma risada e me olhou. – Vamos ver se ele vai querer se divertir com outras garotas. Esta na cara, que a única garota que ele quer curtir no momento, é você! Acho que senti um leve ciúmes hoje. - Voltou ele aprestar a atenção na estrada. – Coisas da sua cabeça. – Claro, tudo coisa da minha cabeça, vamos ver então. Dei de ombros e encostei minha cabeça no vidro do carro, observando a rua, Guilherme sentia todo esse efeito que causava em mim também? Porque as vezes eu tenho essa impressão, principalmente quando ele fica muito tempo me olhando com aquele sorriso perfeito nos lábios, é pra fazer qualquer uma, se apaixonar. Que se apaixonar? Não, tira isso da sua cabeça Maitê. (...) Aline insistiu que eu fosse me arrumar junto a ela, porque me queixei de não ter roupa para ir a um lugar assim e ela poderia me emprestar uma das suas. Eu estava envergonhada, nunca havia ido pra um lugar desses e muito menos, ter me vestido dessa forma mas era impossível contraria-lá. Fiquei ainda mais sem graça quando recebi elogios vindo de Bruno, mas Aline se ajuntou a ele, tá, eu já entendi que terei que ir assim. Douglas logo chegou então, partimos pra tal balada. João já havia mandando mensagem de que estava a nossa espera, Guilherme também já havia chegado e o friozinho tomou conta de mim, assim que colocamos o pé dentro daquele lugar luxuoso. Observei cada pedacinho, as luzes coloridas, som alto, gente bonita rindo, dançando e se pegando. Quando subimos para área vip, tivemos que esperar João que não demorou aparecer. –Minha nossa! Vocês duas estão gatas pra caramba! – Tira o olho da minha loira João! Os dois foram se cutucando, de longe eu o vi e quase me perdi nos meus passos, quando seus olhos pairaram em mim, me analisando de cima a baixo e aquele sorriso lindo, se contraindo em seus lábios. – Fala irmão! Livre esse final de semana então? - Bruno o cumprimentou com um toque de mãos. – Eu mereço me divertir também, vocês que são um bando de vadios. – Opa! Respeita o pai aqui irmão. - disse João. Seus olhos não desviaram um minuto de mim, depois da zoação toda dos meninos, Guilherme se aproximou. – Nossa! E eu pensando que não poderia ficar ainda mais gata. Sua mão pousou em minha cintura, me fazendo arfar, tranquei minha respiração quando depositou um beijo em minha bochecha e eu pedi mentalmente que ele se afastasse de mim mas ao contrário, sua boca foi diretamente ao meu ouvindo, me causando arrepios com sua respiração quente. – Eu não vou conseguir me segurar essa noite gata! - Sussurrou e logo se afastou, me dando uma piscadela. – Ei Guilherme, cai fora! Muita areia pro seu caminhãozinho. - Ouvi ele soltando uma risada mas nem tive tempo de reagir, Aline me puxou e me entregou uma cerveja. – Vamos nos divertir essa noite, aproveita amiga, vamos dançar! Olhei para trás e Guilherme continuava com os olhos em mim, o mesmo levantou sua garrafa de cerveja, oferecendo um brinde e logo dando um gole. Me virei rapidamente e bebi aquela cerveja, hoje a noite parece que promete! (…) GUILHERME Bianca vem tentando entrar em contato comigo, de qualquer forma, seu pai teve até no hospital atrás de mim, pedindo pra mim conversar com ela, que a mesma estava arrependida, queria mudar, que me amava e tinha algo importante para me contar. Sorte minha que ela não pode voltar agora ou terá que pagar uma multa milionária por quebrar aquele contrato, então tenho a certeza de que ela não fará isso e eu, continuarei ignorando. Me aproximar e conhecer um pouco mais de Maitê, só me deixava cada dia mais encantado, ela era doce, tímida, tinha um jeitinho que conquistava qualquer um. Sua beleza não era apenas por fora, ela era linda por dentro, um ser humano que nem o mundo merecia ter com tamanha sinceridade e bondade. Eu não conseguia me manter longe ou não admira-lá, não tenho como explicar sua beleza, eu só sei que ela era linda. Quando a vi chegando na balada, ao lado do casal e do seu amigo, não tive olhos para outra coisa, eu nunca a vi vestida daquela maneira, pronta para matar, não que Maite não fique linda em qualquer roupa, porque por incrível que pareça, tudo caia muito bem nela. Vai ser difícil me controlar essa noite, toda vez que a olhava, estava com aquele sorriso estampado em seu rosto, aquela boca convidativa pra que eu a provasse, usei meu controle durante a semana na universidade, mas aqui? Ahhhh, não! Enquanto Aline e ela dançavam, fiquei com os meus amigos, mas sem tirar os olhos dela um minuto, tinha alguns olhares para minha direção, até algumas tentaram se jogar pra cima de mim mas eu pouco me importava, aquela noite, eu provaria o gosto de apenas uma única mulher que estava me fazendo viajar. – Ela é linda não é? - Franzi minha sobrancelha e desviei o olhar, encontrando com Douglas me analisando. – Com todo respeito? Maitê tem uma beleza surreal. - Ele abriu um sorriso e desviou o olhar em sua direção. – E o que está esperando? Guilherme se você a quer, precisa chegar nela, se ficar esperando uma atitude de Maitê, pode pegar um banquinho e se sentar. Ela é inocente e devagar demais pra notar as coisas. - Arqueei a sobrancelha, Douglas voltou a me encarar. – Eu sou homem, conheço esses olhares. Só que cara, te digo uma coisa e uma única vez, eu acabo com você se partir o coração dela. Ele saiu sem me deixar dar uma resposta. Voltei minha atenção para ela, minha intenção não era partir seu coração, era mais fácil ela partir o meu se me desse um fora. Mas Maitê parecia me provocar, toda vez que nossos olhares se cruzavam, ela dava um sorriso tímido e mexia seu quadril sensualmente, talvez de inocente ela não tivesse nada e estava querendo a mesma coisa que eu. Seu olhar cruzou com o meu naquele instante, me dando aquele sorriso, retribui, bebi o restante da cerveja e fui em sua direção. Bruno estava se chegando em Aline, a encoxando para dançar juntos, pensei que Maitê fosse excitar mas ao invés disso, ela continuou dançando, me provocando, descendo até o chão, puta que pariu. – Me diz uma coisa, o que eu faço com você? - Ela me olhou confusa, parecendo ter levado um susto. – Não entendi. - Dei um sorriso de canto, olhei ao redor mas nossos amigos se sumiram feitos um fantasmas. – Você está me fazendo sentir coisas estranhas Maitê e eu estou curioso. Ergui minha mão até seu rosto, sentindo aquela sensação estranha percorrendo em minhas veias, sua pele era macia, percebi quando sua respiração ficou irregular, tracei um caminho até seus lábios, passando meu dedo sobre o mesmo, Maitê mordiscou seu lábio inferior e eu estremeci, dando um passo a mais, ficando próximo. – Estou curioso pra saber se seu beijo é tão doce quanto você. Senti sua mão apoiando em meu peitoral, enquanto um grunhido surgia da sua garganta e seus olhos me desafiando. Minha cabeça automaticamente foi de encontro a sua boca, minha mão deslizou pra sua nuca, entrelaçando meus dedos em seu cabelo, o seu cheiro era viciante e quando tive a certeza de que Maitê não se afastaria ou me daria um fora, a tomei em um beijo urgente, sentindo meu coração disparar, caralho que beijo! Tão doce quanto a própria! Minha língua adentrou faminta, encontrando com a sua e entrando em uma única sincronia. Deixei um suspiro e um gemido escapar por finalmente estar com minha boca na dela, com a outra mão, segurei sua cintura e a trouxe pra mais perto, diminuindo qualquer centímetro de distância que havia entre nós, eu estava flutuando, era ainda melhor do que eu imaginava, meu peito se explodiu em um sentimento irreconhecível para mim, estava atordoado. Não queria me afastar, não agora que experimentei seus lábios mas tanto eu quanto ela, precisávamos respirar, estávamos ofegante, o que estava acontecendo ali? Prendi seu lábio inferior nos meus dentes e puxei, chupando para dentro da minha boca e depositando em seguida um beijo, me afastei e encontrei com seus olhos, eu estava tonto com aquela sensação que somente ela, me causou em toda minha vida, a falta da sua boca na minha, se fez presente na mesma hora. – Ai papai, acho que me apaixonei. Maitê soltou uma risada e enfiou o rosto em meu peito, alisei suas costas com minha mão e sorri, esse seu jeito tímida, me deixava ainda mais louco. – Assim você não me ajuda Maitê, eu fico louco com essa sua timidez. – Para! Você está me deixando sem graça. Sussurrou abafado em meu peitoral me fazendo rir. Segurei seu rosto e a afastei, cruzando nossos olhos outra vez, balancei a cabeça em negação. – Eu não sei o que você está fazendo comigo, me diz uma coisa, você tem algum tipo de poder? - Ela jogou a cabeça pra trás e riu ainda mais, senti sua mão em meu peito me empurrando. – Para com isso. – Estou falando sério. Sorri, Maitê ficou me observando por uns segundos, mordeu o próprio lábio inferior, me convidando outra vez pra tomá-la em meus braços. Olhei ao redor, vi de longe Aline e Bruno voltando, não sei pra onde eles foram mas eu queria era ficar sozinho com ela agora. Voltei a encara-la. – Vem comigo. Segurei em sua mão, olhei em direção aos nossos amigos, sei que se Aline nos visse daria um outro sermão em mim, como vivia me dando todos os benditos dias, me ameaçando se eu chegar magoar Maitê, já havia entendido que ela era diferente. – Pra onde? Maitê ficou com uma cara sem entender nada, não iria levá-la pra lugar nenhum, apenas queria ficar a sós. Quando chegamos no estacionamento, a imprensei no carro e tomei sua boca em um beijo desesperado, a pegando de surpresa, queria sentir mais e ali estavam, todos aqueles efeitos em meu corpo outra vez, algo se ascendendo dentro de mim.