Flora Narrando
A reunião foi um campo minado. Cada palavra precisava ser escolhida com precisão cirúrgica, cada olhar sustentado com firmeza. Homens engravatados tentando me testar, achando que por trás do salto agulha e do batom vermelho havia uma mulher facilmente dobrável. Pobres idiotas.
Saí da sala sem perder a postura, mesmo com o sangue fervendo. O problema era maior do que eu imaginava e muito mais caro. Uma falha estrutural grave na fundação da torre de vidro em São Paulo. Uma obra milionária, sob minha assinatura. Algo que poderia ruir não só fisicamente, mas também destruir a credibilidade da Ferraz. Eu não podia permitir.
Meu pai quando soube, mandou o motorista me buscar na porta do escritório. Ele não me deu escolha, como sempre fazia quando se tratava de trabalho. Entramos no jatinho em menos de duas horas. Nem tive tempo de passar em casa. Nenhuma mala, nenhum aviso. Levei apenas minha bolsa, um tablet, uma pasta com os documentos e um celular que já piscava nos últi