Flora Narrando
Assim que Evan saiu da minha sala, virei a página do meu dia. Não há tempo para perder admirando engenheiros sarados com currículos impecáveis, aqui dentro, ou você entrega resultado ou está fora.
Deixei minha mesa em ordem, mandei um e-mail para o jurídico sobre o contrato dos Ludovico e segui para a visita de obra. Um dos edifícios residenciais que estamos construindo na Zona Sul estava no cronograma de hoje. Entrei no carro, ajeitei meus óculos escuros e pedi silêncio no trajeto. Quando preciso me concentrar, odeio ruído.
Cheguei no canteiro e, de longe, já percebi a bagunça. Equipamentos fora do lugar, equipe dispersa, obra suja. Meus saltos fincaram no concreto mal varrido como se fossem um lembrete de que o padrão Ferraz não aceita desleixo.
O engenheiro responsável, Júlio, veio ao meu encontro com aquele sorriso sem graça que eu já conhecia.
— Senhora Flora, que surpresa, não sabíamos que...
— Pois é. Esse é o problema — cortei. — Vocês trabalham bem demais só q