Uma semana se passou desde aquele incidente terrível. Minha mãe não para de me controlar, ela confiscou meu celular e me proíbe de sair de casa. Agora, é apenas da escola para casa para mim.
Eu não sei o que está acontecendo comigo, droga. Estou enjoada, me sentindo mal, meu estômago embrulha facilmente com qualquer coisa que como. Quer dizer, se eu conseguir comer.
— Manuela? - meu pai se aproximou.
— Oi, pai. - dei um sorriso forçado.
— Posso saber o que está acontecendo?
— O quê? - fingi não entender, realmente não estava entendendo.
— O clima entre você e Mirelle.
— É... Você sabe como é minha mãe, pai.
— Ok, vou para a empresa, tchau. - ele deu um beijo no topo da minha cabeça e saiu.
Meu pai era um bom homem, mas mal nos encontrávamos, pois ele trabalhava demais. E quando estava em casa, "minha mãe" enchia o saco.
Hoje é sábado, pelo menos não tenho que ir para a escola. Depois de tudo isso, Paula e Luísa mal falam comigo, ou me evitam, ou apenas trocam palavras.
**Duas semanas depois**
Minha mãe parou de encher o meu saco, mas as tonturas continuam. Estou desesperada, pesquisei no G****e o que esses sintomas significam e apareceu o inesperado: "Gravidez".
Não, não pode ser. Pensei um pouco e percebi que minha menstruação está atrasada. Manuela, não pode ser, tudo menos isso.Grávida de um cara que conheci em uma festa e que me tratou depois como uma vagabunda!
E agora? Não tenho com quem contar, minhas "amigas" nunca foram de verdade. Só tenho o Léo para conversar. Peguei meu celular e liguei para ele.
— Léo? - falei nervosa do outro lado da linha.
— Oi, Manu. E aí?
— Eu não estou bem. Preciso conversar com você.
— Conversa pequena. Estou aqui.
— Pode ser pessoalmente? É muito urgente.
— Claro, posso ir para a sua casa?
— Sim, meus pais não estão.
— Tá bom, em uma hora estou aí. Se cuida tá.
É bom pelo menos saber que alguém se importa comigo. Léo é o único em quem posso confiar. Em uma hora ele chegou.
— E aí, o que tá pegando? - ele disse ao entrar no meu quarto.
— Eu... - falei sem coragem de contar.
— Fala, Manuela. - Léo disse já impaciente.
— Tá, vocês sabe aquele garoto? Felipe, que estava com você naquela festa em que fomos.
— Sim, sei, o que tem?
— Ele e eu...Foi um acidente.
— Pera, ele e você o quê, Manu? - ele arqueou as sobrancelhas.
— Ele tirou minha virgindade! — abaixei a cabeça, a vergonha me consumia.
— Ai, caramba... Como você... - Léo respirou fundo. - Como isso aconteceu?
— Ué, como aconteceu, como um homem e uma mulher ficam juntos.
— Idiota. Estou perguntando como aconteceu, ah, você entendeu Manuela.
— Eu estava bêbada, Léo, ele também. Ele me chamou para me levar para casa, aí rolou,eu acabei indo para a casa dele e aconteceu essa... essa droga. Depois disso, ele me tratou mal, ai que ódio. - rangei os dentes.
— Cara, porra... — Eu vou matar ele. — Léo me olhou incrédulo.
— Mas, Léo, o pior de tudo não é isso.
— O que pode ser pior do que uma garota de dezenove anos ter perdido a virgindade com um cara mais velho que ainda é dono do... — ele não chegou a completar a frase. — Se eu tivesse te vigiado, nada disso teria acontecido. - ele andava de um lado para o outro.
— Espera, ele tem quantos anos? NOSSA! Você me ajudou bastante. Dono de quê? - suspirei.
— Nada, ele não é dono de nada. Manu, qual é o pior conta logo.
— É que a minha menstruação está atrasada, e eu venho me sentindo muito mal ultimamente,não consigo comer nada. Pesquisei sobre isso e apareceu que poderia ser gravidez. - falei e ele fez um "O" com a boca.
— O quê? Vocês usaram camisinha, né? Por favor, me diz que sim Manuela. - ele praticamente gritou.
— Fala baixo, merda! — exclamei.
— Manuela, me diz, vocês usaram proteção?
— Leonardo… olha pra ser sincera eu não sei. Eu estava bêbada, aconteceu tudo rapidamente ele era atraente e por isso fiz essa besteira. - falei nervosa, com a mãos na testa.
— Ah meu Deus, fica calma, amanhã, depois da escola, você me encontra naquela sorveteria que sempre vamos, tá? - ele sorriu tentando me acalmar.
— Para quê?
— Vou te entregar um teste de gravidez. Você vai ver que vai dar negativo.
— Obrigado Léo, o que seria de mim sem você. - sorri fraco.
— Eu estou aqui, Manu. Além de prima você é minha amiga. - ele me abraçou forte. - Eu tenho que ir antes que seus pais cheguem, fica bem.
— Tchau, Léo, te amo. - dei um beijo nele e ele saiu.
O resto do meu dia foi um tédio, tentei ouvir música, tentei ler um livro, tentei experimentar as roupas ainda com etiqueta que comprei e nunca usei, mas nada. Nada tirava da minha cabeça a possibilidade de estar grávida daquele sem noção. Isso iria acabar com tudo. Literalmente tudo.
Desci e fui para a cozinha conversar com minha única amiga, a empregada, Dulce.
— Oi, Dulce. - disse cabisbaixa.
— Oi, Manu, que surpresa você por aqui. Quase nunca aparece na cozinha - ela sorriu enquanto cortava alguns legumes.
— É... Dulce, a gente precisa conversar. - não aguentei e desabei em lágrimas.
— O que foi, Manu? Por que você está assim? - ela veio até mim.
— Eu não tenho ninguém, Dulce, eu não suporto mais! E se eu estiver esperando essa coisa... eu... - gaguejei entre soluços.
— Pera, Manu, fala direito. Esperando o quê? Você está me deixando preocupada.
— É o seguinte... - contei toda a história para ela, e ela me abraçou.
— Filha, não fica assim, tá? Eu já passei por isso. - fez uma cara meio triste.
— Como assim Dulce?
— Aos 14 anos, eu engravidei do menino de quem gostava. É, só eu gostava, porque ele não gostava de mim, e nem nunca gostou era um maldito sem responsabilidades. Só tirou minha virgindade, me engravidou... aah, foi o fim da picada pra mim.
— Mas você não tem filhos, Dulce - falei ainda chorando.
— Justamente, eu fiquei desesperada. Meus pais descobriram e me expulsaram de casa, então por achar que não iria conseguir tomei remédios e mais remédios para perder esse bebê, e perdi... - ela desabou em lágrimas. - Depois disso, ah Manu, eu me arrependi tanto, fiquei estéril e não posso ter filhos. Eu me arrependo tanto, tanto.
— Nossa, eu não sei o que dizer. - minha única reação foi correr e abraçá-la.
— Não fica assim, menina, para de chorar, tá? - consenti ainda em soluços. - Você tem que ser forte se estiver esperando um filho. Não é uma coisa, é um ser que tem seu sangue, Manu.
— Eu estou indecisa, mas eu quero fugir desse pesadelo! E que esse teste dê negativo.
— Mas vai dar tudo certo, você tem que ser forte, não ouça a voz do desespero agora. - ela sorriu.
— Obrigado, Dulce. - a abracei quando ouvi a buzina na porta.
Minha mãe havia chegado, então subi rapidamente para o meu quarto, evitando encontrá-la. Tranquei a porta, coloquei o alarme para tocar às seis do dia seguinte e adormeci. Eu podia estar grávida. E isso era algo que eu não conseguia acreditar. Tudo parecia ser um grande pesadelo e eu queria somente acordar.