Capítulo 70
Maria Luíza Duarte
As cicatrizes da noite passada ainda estavam ali, não apenas nas marcas invisíveis que Alexei carregava, mas também na tensão no ar. Eu podia ver a fúria latente em cada movimento dele, o jeito como os ombros permaneciam rígidos e como o maxilar se apertava. Ele não precisava dizer nada; eu conhecia cada nuance daquele homem. E naquele momento, ele estava à beira de explodir.
Peguei sua mão enquanto caminhávamos de volta para os corredores.
— Vamos buscar a Sofia. Ela deve estar acordada agora. — Minha voz saiu leve, tentando suavizar o peso que parecia esmagar Alexei.
Ele olhou para mim de relance, ainda preso nos próprios pensamentos, mas assentiu.
Chegamos ao quarto onde Sofia dormia sob os cuidados de sua babá, a Neide. A pequena estava deitada no berço, com as bochechas rosadas e o sono tranquilo que só os bebês parecem ter. Por um momento, o mundo pareceu parar. Peguei-a nos braços com cuidado, e aquele cheirinho de bebê me t