Capítulo 2

- Bom dia, turma! Nossa, temos uma turista na turma hoje, bem vinda a aula prática de química, vou pedir que se apresente para turma, pois acho que nem todos a conhecem ainda...

Ela levantou os olhos encarando-o, apesar de quase não frequentar as aulas, Ana gosta de sentar na frente até por causa da sua visão. Ela respirou fundo, levantou, virou para turma e abriu um sorriso encantador.

- Bom, aos alunos que são tão turistas quanto eu, me chamo, Ana Rita, tenho dezesseis anos, coisa que acredito que nenhum de vocês tem, devido a terem completado os estudos no tempo regular, consegui me formar com quinze anos, mas devido minha vinda para cá perdi um ano da faculdade, acredito também que se não tivesse perdido, igual nenhum de vocês me conheceria mesmo, e já teria passado por essas matérias e não precisaria mais vê-los, menos ainda me apresentar, muito obrigado pela atenção prestada na minha pessoa, ao invés de estarmos tendo aula que é para isso que o senhor é pago. - Ela virou e olhou para o professor Daniel sentando-se.

- Infelizmente, querida aluna, iremos nos ver em todos os semestres e torça que eu não seja seu orientador! Sua vida pode ter alguns percalços se isso acontecer, pois farei valer o salário que eu recebo...

Um colega gritou do meio da sala interrompendo o discurso do professor.

- Ana Rita Prando? A modelo surfista, que ficou em segundo lugar no mundial juvenil, sério?

Ela não se deu o trabalho de virar para trás e apenas respondeu que sim.

- Depois da aula quero conversar com você, Ana Rita!

“Então, assistir uma aula com o professor mais chato da faculdade... Ainda bem que é prática! Vou tentar fazer uma bomba e explodir esse laboratório.”

- Terminei, posso sair?

Ele a olhou com uma expressão de muita raiva.

- Não! Como terminou?

- Misturei tudo e criei uma fórmula... Diferente da que você passou. Aqui está! Estou saindo.

- Sente-se e faça a fórmula que eu passei, que cheiro é esse?

- Foi o perfume que criei!

Ele pegou o tubo de ensaio de Ana, cheirou e retirou do meio dos demais tubos que estavam vazios...

- Faça um dos testes das fórmulas que te passei! Tome mais um tubo coloque no lugar do que eu retirei. Sabe a fórmula que usou no seu perfume?

- Sim, a tenho totalmente detalhada aqui.

- Vamos patentear isso!

- Tome. – Ela entregou o papel com a fórmula para ele - Eu não preciso disso... Ganho mais com as minhas fotos e as ações que tenho na empresa do meu pai!

Ele a olhou mais bravo ainda.

- Saia agora, e me espere na minha sala!

Ela saiu caminhando, literalmente contando os passos... Em seguida ele a alcançou. Os dois entraram na sala dele.

- Diga. O que é tão importante que não pode ser dito na frente dos meus colegas?

- Sua arrogante, filhinha de papai! Acha que pode fazer o que quer nas minhas aulas? Está enganada. Você é inteligente, sim! Mas não deixarei você tomar conta das minhas aulas, eu mando, sou mais velho e seu professor. Você deve me respeitar...

- Sério? Que é mais velho se vê a quilômetros! Agora, eu não devo ser respeitada? Desde o primeiro dia de aula, ainda não sei o motivo, mas você implicou comigo. Suas observações quanto o viver a vida como quer, ou não precisar estar aqui, ou ser uma turista... Eu estou aqui porque quero, levo minha vida como uma filhinha de papai, sim! Você deveria saber o que é ter uma filha adolescente, pois pela sua idade deve ter pelo menos um filho com a minha idade.

Ele olhou sério para Ana!

- Não tenho filhos!

- Já passou da hora, deve ter quase a idade do meu pai!

Furioso Daniel bateu na mesa.

- Acha que é a única inteligente da sala? Acha que você é a única que se formará antes dos vinte anos? Enganou-se! Sou bem mais novo que imagina...

- Então precisa de uma namorada! Não desconte suas frustrações em cima de mim.

Foi salva quando bateram na porta.

- Entre!

- Bom dia, professor! Aninha, o que faz aqui? Foram na minha sala me chamar! Desculpa, professor, coisa de adolescente, ela não fará mais perfumes na sua aula, né, Ana Rita?

- Ai, ééé! Não farei. – Falou Ana debochando.

- O perfume foi o de menos! Ela quis me humilhar, me dando a fórmula para patente e dizendo que não precisa disso! Eu também não preciso...

- Ei, espera, Ana Rita o que aconteceu? Você não é assim?

- EU ODEIO ele! Acho que é o professor mais idiota da faculdade!

- Professor, desculpe, posso conversar com minha irmã, sozinho, por favor?

- Pode, também não morro de amores por você... Se quiser podemos fazer um acordo, você só vem nas minhas aulas para fazer as provas, não a reprovarei por faltas.

- Não, nós iremos resolver isso. Ela irá se comportar!

- Não, Gui, eu aceito!

- Não, ela não aceita nada, iremos conversar mais calmos! Com licença professor.

- Eu não quero mais olhar para cara dele, Gui!

- Pare, o que deu em você?

- Ele praticamente me humilhou no inicio da aula, me chamou de turista, eu só faltei duas aulas dele, nenhum dos outros fez isso! Ele fez eu me apresentar para turma... Então eu aprovei e fiz o mesmo com ele, o humilhei!

- Não, Aninha, está tudo errado! Vamos para casa agora, depois, de tarde vamos para praia... O Dennys nos convidou para irmos dar uma volta de lancha hoje. O Kevin vai ir junto...

- UUUH! O Kevin!

Kevin, Ana nem consegue descrever... El não é lindo, segundo Ana, mas ela o acha, 1,78 de altura, asiático, magro, não, muito magro, simpático e... “Sei lá é o Kevin!”

- Sabia que ficaria animadinha! Mas não esqueça, meus amigos não!

- O Kevin não é seu amigo... É irmão de um, se não me engano!

- Realmente, é irmão de um amigo.

- Gui, o que eu faço semana que vem? O papai vai achar que eu não estou estudando!

- Ele nem ficará sabendo o que aconteceu.

- Eu realmente não entendo o que aquele professor quer.

- Esqueça isso! Vamos comer.

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