Capítulo 14.
Thalia.
Saí do carro do Marcelo sem olhar para trás. Estava tomada de vergonha e ver seu olhar de pena sobre mim me deixou ainda pior. Minha vida era fodida demais e eu sabia disso, então não precisava que ele ficasse, percebesse isso e sentisse pena de mim.
Pena era algo que não suportava.
Eu morava em um lugar que não queria e havia uma vida que jamais desejei, mas era o que havia, então precisava ser grata por ela. Perdi minha mãe aos quatorze anos e, desde então, vivi apenas com meu pai bêbado. Perdi a conta de quantas noites me arrisquei ao sair sozinha para buscá-lo nos bares e nas praças, e o encontrei quase desmaiado de tanto beber.
Meu pai amava demais a minha mãe e, quando ela morreu, ele se perdeu em si. Afundou-se na bebida e não me restou opção senão o colocar em uma clínica para dependentes alcoólicos.
Eu já não suportava mais ver seu estado lamentável e ainda sofrer ao tentar trazer de volta o homem bom e amoroso que seu Efraim era antes da morte da minha