Lia Perroni
A voz de Esmel ecoou pelo apartamento, carregada de dor e raiva. Ela estava arrumando sua mochila, seus movimentos bruscos e determinados.
— O que você está fazendo, querida? — perguntei, entrando no quarto, o coração apertado ao ver a cena.
Ela me olhou, os olhos marejados, mas a expressão firme.
— Estou indo embora. Vou morar com a vovó e o vovô.
Meus olhos se arregalaram, incrédula.
— Como assim? Que bobagem é essa?
— Não é bobagem, mamãe. A senhora já escolheu, e eu também. Vou morar com a vovó, longe daquele... daquele homem.
Senti o sangue ferver em minhas veias.
— O que você disse? Você não vai a lugar nenhum.
— Então a senhora escolhe: ele ou eu?
As palavras de Esmel me atingiram como um soco. Eu sabia que ela ainda estava magoada, mas não imaginava que chegaria a esse ponto.
— Esmel, por favor, não faça isso — implorei, a voz embargada pelas lágrimas. — Não vai embora.
— Mas eu não quero ficar aqui. Não quero ver ele.
— Eu sei, meu amor. Eu sei que é difícil para