Lisa Mary é uma sedutora profissional que ganha a vida flagrando maridos infiéis. Ela encontra uma oportunidade incomum quando Charlote François a procura lhe propondo uma oferta irrecusável: casar-se com seu irmão Vicente François, um homem focado e de bom coração; herdeiro de uma indústria de alimentos promissora e líder do mercado alimentício da França. Para ser a noiva perfeita do futuro herdeiro, Lisa precisará abdicar de todos os seus jogos de sedução e encenar estar sendo conquistada por Vicente. Isso poderia dar certo se Lisa Mary não estivesse se apaixonando verdadeiramente pelo rapaz bondoso. O sentimento traiçoeiro de amar a quem apenas deveria engar, colocará Lisa à prova: será ela capaz de manter esse acordo vigente? Há mesmo limites nas fronteiras do amor?
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Lisa Mary
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O burburinho de um bar lotado contrabalanceava com a música “Bonjofondo”, fazendo algumas pessoas dançarem descontraídas. Envolvi os dedos em torno do copo, virando a última dose de uísque. Ele me olhou por cima do copo, contendo o riso em seus lábios curvilíneos, e pôs a mão sobre a mesa tentando me alcançar, mas desistiu quando percebeu que aquilo atraiu olhares para nossa mesa.
Você será meu, por mais que tente recuar. Querido Daniel, eu sou a peste que o perseguirá até o final dessa noite... Pensava, deslizando o bico da bota entre suas bolas.
—Como vai ser, Daniel? Você vai me fazer perder tanto tempo aqui? Eu quero bolas na minha cara. B-o-l-a-s. —O olhei com desdém, mantendo o sorriso debochado que eu amava.
Daniel relaxou, encostando as costas na cadeira.
Cansada daquela cena, inclinei para a frente deixando amostra o busto prestes a saltar sobre o corpete, e pus as mãos sobre a mesa, o olhando com superioridade. Os longos cabelos negros caíram sobre meus ombros e eu finalmente alcancei o seu olhar. Boquiaberto, percebi suas bochechas ruborizadas quando ficou perto.
—Me procure quando resolver crescer, e eu serei aquela com uma saia tão curta que você poderá me foder sem precisar tirá-la. —Ameacei sair de sua frente.
Estava prestes a recuar quando sua sombra sobre mim, revelou com quem eu realmente estava lidando. Daniel passou a mão sobre meu braço e me puxou para o fundo do restaurante, sem dizer uma única palavra. Encarando suas costas enquanto passávamos entre as pessoas, tirei o celular da pequena bolsa e enviei a mensagem que estava em rascunho. “Agora é com você. Agora você já sabe.” Para completar, digitei: “estaremos no banheiro.”
Ele me levou até o banheiro, nos fundos do bar, e encostou a porta ao passarmos. Empurrando-me contra uma cabine, a porta bateu violentamente na parede ecoando por segundos. Vire-me contra Daniel e o joguei sobre a privada, o deixando sentado. Pus um pé sobre sua perna, subindo ainda mais a saia. Foi quando Daniel segurou com vigor minha bunda, afogando o rosto em meus lábios. Minha calcinha foi afastada para que tivesse um contato melhor. Tombei a cabeça para trás, revirando os olhos espremida em uma situação avassaladora. Os espasmos que percorreram pelo meu corpo me faziam querer mais e ter que aproveitar antes do flagrante.
—Isso, querido! Me chupa desse jeito e fode gostoso... —Disse em um gemido, com a voz embargada, rebolando em sua boca.
O momento foi interrompido quando a porta do banheiro se abriu, acompanhado de um grito que vinha do peito. Sorrindo, abri ainda mais a porta da cabine e olhei para a moça revoltada, por cima dos ombros.
—Judy! —Soltou-me rapidamente, limpando os lábios na manga da camisa social. —Espera, eu... Consigo explicar... —Nervoso, ele me empurrou para o lado e eu observei a cena com desdém, apoiando as mãos contra a parede no impacto.
—Agora eu sei... — Ela estreitou os olhos em uma expressão de revolta. Nem se importou em chamar a atenção para o banheiro. —Em três dias. O nosso casamento seria em três dias, o que eu digo pras pessoas?! O QUE EU FALO PRA MINHA MÃE? —Esbravejou a mulher traída, avançando contra Daniel.
—Foi ela! Foi tudo culpa dela! —Apontou para mim, no ápice do nervosismo, quando o seu pau ainda estava duro e aparente. —Essa piranha me enganou, me seduziu... Por favor, tem que acreditar em mim! Eu nem a conhecia!
Troquei alguns passos despreocupados em direção a Judy, endireitando os ombros e erguendo o queixo. Ela me analisou e respirou fundo, se aproximou de mim, deixando sobre Daniel a expectativa de que eu apanharia. Foi quando Judy pôs sua mão sobre minha saia e a desceu, olhando para Daniel.
—A partir de hoje você morreu pra mim. É o fim.
Sorri para ele e lhe soltei uma piscadela antes que saísse daquele banheiro. O volume da música foi diminuindo conforme os gritos aumentavam, mas eu já estava indo embora da festa. Em frente ao restaurante, busquei meu Audi tt99 azul, pronta para me encontrar com outra pessoa. Dentro do carro, troquei as botas por um salto sensual e pus um vestido preto de alças finas que realçava minha pele marinada.
Naquela noite, eu estava a caminho de me encontrar com Charlotte François, uma mulher bilionária que havia conseguido meu número através de Judy, e dizia que tinha uma proposta para me fazer. Provavelmente mais uma querendo flagrar o marido infiel. Seria o meu último encontro naquela semana, eu precisava ampliar meu “negócio” e estava avaliando uma proposta fora do país.
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Chegando à um luxuoso restaurante Italiano, estacionei em frente ao estabelecimento, tendo meu Audi manobrado cuidadosamente para o outro lado. Os seguranças me analisaram, passando os olhos por minhas pernas longas e torneadas. Joguei os cabelos para trás, reprimindo o sorriso que se formara em meus lábios carnudos, e os espremi levemente, entrando. Quando as portas se abriram, senti o clima do ambiente ao som de um tango lento e sedutor, aumentando o meu ego.
Sendo acompanhada pelo anfitrião, eu a observei reservada e longe. Pele bem cuidada, cabelos curtos e roupas longas. Ela emanava riqueza. Charlotte me encarou fixamente enquanto eu me aproximava em passos confiantes, atraindo olhares até o momento em que cheguei a sua mesa.
—Charlotte François?
—Sente-se querida. A gente precisa conversar. — Disse ela, esticando o braço em direção a cadeira, indicando o lugar a sua frente. —Algo para comer?
—Nada para mim. —Respondi, cruzando as pernas. Olhava fixamente em seus olhos, mas por cima dos seus ombros, percebi que um homem na mesa em frente esganiçou silenciosamente para me ver durante o movimento, mas fracassou tendo seu braço puxado pela mulher que o acompanhara.
—Muito bem. Receio que uma mulher como você não tenha tempo de conversas fiadas, então eu vou ser sincera com você.
Antes que ela prosseguisse, a interrompi.
—Qual o nome dele e onde ele vai estar? Não flagro por menos de vinte mil dólares, ainda mais para uma bilionária igual a você. — Ergui as sobrancelhas, mexendo na pequena bolsa. Estava pronta para tirar o bloco de notas quando percebi seu silêncio, e ergui o queixo para olhá-la afrontando minhas palavras.
Charlotte sorriu para mim, debochada.
—Minha proposta é alta, garota. Asseguro que o preço também será. Vinte mil dólares não será, nem mesmo, o lugar onde você ficará.
Engoli.
—O que você quer dizer com isso? — Guardei o bloco de notas, pondo as mãos próximas ao corpo. O garçom se aproximou de nós, trazendo algo que Charlotte havia pedido antes de eu chegar.
Acompanhamos ele sair, com o olhar, deixando-o nervoso.
Limpou a garganta, desenhando o guardanapo com a ponta do dedo sobre a mesa.
—Lisa, eu não sou uma mulher que precisa de um esposo, embora tenha um. É tudo em nome dos negócios. Como você sabe eu venho de uma família extremamente rica e nossas relações giram exclusivamente em torno do dinheiro. Porém, com a piora na saúde do meu pai as coisas têm ficado difíceis, tão difíceis ao ponto de eu precisar dar um empurrãozinho no destino e acelerar a ordem na qual elas acontecem.
Revirei os olhos. —Você enrola muito, Charlotte...
—Eu preciso tirar o meu irmão dos negócios e quebrar o modelo arcaico que o meu pai defende com unhas, dentes e império.
Ela quase me percebeu piscar.
—Eu não sou uma assassina.
—É uma mulher da vida, disso eu já sei.
Não aceitei seu comentário. Bati com as mãos sobre a mesa, franzindo o cenho. Levantei-me da cadeira, sem me importar com o barulho que fez quando a empurrei para trás, atraindo os olhares das pessoas em torno de nós.
—Quinhentos mil dólares em uma semana. —Envolveu os dedos em torno da taça sobre a mesa, tirando um gole do vinho que lhe fora servido.
Parei, duvidando de minha própria audição.
—Se senta. Você não ouviu errado. —Ela finalmente me olhou nos olhos. Desistente, sentei-me novamente e pus a pequena bolsa sobre as pernas, pronta para ouvir a proposta. —Como disse, o meu pai está morrendo e o meu irmão assumirá tudo assim que o velho finalmente morrer. Eu preciso dele entretido.
—Não estou entendendo. —Protestei.
Ela precisou juntar o pouco de coragem que lhe restava para finalmente me dizer com todas as palavras.
—Eu preciso que o meu irmão se case.
Engasguei-me com a própria saliva chegando a tossir. As pessoas em volta começaram a olhar preocupadas, e eu não conseguia me controlar. Charlotte chamou o garçom que me trouxe uma água, em seguida saiu, nos deixando sozinhas novamente. Suando e com a pele do rosto quente, tomei alguns goles da água e fui me recuperando do susto.
—Você... Está falando com a pessoa errada. —Disse, com a voz a falhar e a garganta arranhando. Era como se eu estivesse com pedaços de pedra engolindo lentamente, forçando-me a tossir volta e meia.
—Quinhentos mil dólares e todas as suas despesas pagas. Roupas, calçados, bolsas, estadias, comida, salão... Tudo. Incluindo viagens. Eu pago tudo, banco tudo. Só preciso de uma coisa: que se case com o meu irmão e tire ele do meu caminho o mais rápido possível.
—Eu não posso fazer isso. Não posso mesmo, você não entende... — Balancei a cabeça me negando a cogitar estar em uma situação, ao menos, similar.
—Tem razão, você não pode. É fraca demais para ter que lidar com uma pessoa tão rígida e egoísta quando Vicente, meu irmão. No final das contas ele acaba sendo BOM demais pra você, menina. —E sorriu, olhando para o fundo da taça seca. Charlotte percebeu que eu não iria ceder, então me olhou diretamente e inalou fundo antes que disparasse motivada pelo desespero. —Dois milhões de dólares é o que vale esse casamento, por pelo menos um ano.
Limpei a garganta, espremendo os olhos. Pensei em todas as contas que tenho para pagar, em todas as coisas que eu precisava fazer e queria fazer até o momento em que eu ficasse com uma boa condição financeira. Recobrei as memórias de todo o risco que corro fazendo o mesmo trabalho, e então respondi:
—Você não entende, eu não consigo simplesmente me casar com uma pessoa.
—Se quiser dois milhões de dólares, vai ter que conseguir. Eu não me importo se você fica confortável com isso ou não, menina. Você é uma mulher que sai com homens pra provar pras esposas fracassadas que elas não sabem o macho que tem em casa. A proposta que eu tenho pra você, ninguém nessa vida vai te oferecer. Aceita logo isso, garota!
Repensei nervosa, sabia que estava entrando em algo totalmente novo e desafiador. Mas eu precisava do dinheiro. Então, subi o olhar aos olhos de Charlotte, e disse decidida a aceitar:
—Onde eu o encontro?
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103Vicente François⤝⥈⤞Eu via o futuro repetindo o passado. Eu estava disposto a mudar isso, mas meu coração não me atendia. Minhas ideias não correspondiam aos fatos. E isso era frustrante.Eu devia te odiar, Lisa Mary. Eu devia nunca ter aceitado você sob o mesmo teto. No entanto, eu criei situações que me levassem a aceitar você em minha vida novamente, e isso me crucifica. Eu só quero sobreviver a você sem nenhum arranhão… Se isso for possível.Me afastei de Lisa Mary, aos poucos, dando dois passos para trás após pausar aquele beijo acalorado com um selar simples e um suspiro sufocante. —Você vai me enganar outra vez, não é? O seu amor falso acalmou o meu silêncio, mas me deixou suas marcas profundas e violentas, Lisa Mary. Então, por favor, não me faça ver novamente que as coisas belas da vida perdem a beleza e o encanto com o tempo. Por favor.Minhas súplicas em forma de palavras que vagavam naquele momento, comoveram as lágrimas reais de Lisa. Ela passou as mãos pelos cantos
102Vicente François⤝⥈⤞A lua me caía como um manto negro. Uma bola branca no vazio escuro do céu. Eu me sentia tão vazio e sozinho quanto aquela lua.Recostei nas grades da varanda, sob uma noite enluarada, e suspirei, deslizando as mãos para dentro dos bolsos da calça após um dia cheio.—Me sinto só. Olhando a minha vida, desse ponto de vista, a solidão chega a me parecer normal…Minhas palavras de desabafo no vento, foram interrompidas pelas portas do meu quarto se abrindo, revelando minha mãe.—Meu filho? Não está muito frio aí fora? —Perguntou, fechando as portas novamente.Ela entrou em meu quarto com delicadeza. Um passo depois o outro em pisadas sofisticadas.Suspirei.—Eu só estou procurando paz, mãe. Apenas isso. Meus ombros caíram quando expirei, fechando a porta da varanda e adentrei ao quarto.—Eu sei o que é iss-—Não começa, mãe.Motivado a odiar Lisa Mary, eu recusei qualquer conselho que não fosse maltratá-la.—Eu sei, até o seu pai sabe, embora não possa opinar nes
100Vicente François⤝⥈⤞E como a poeira se espalha no espaço, eu me rendia a situação.O juiz andava de um lado para o outro, apressado.O celular egocentricamente gigante, mal cabia em suas mãos trêmulas.Sua voz a falhar, entregava todo o seu desespero naquele momento.A cada passo que dava para os lados, Sebastian avançava em sua frente, ficando frente a frente com ele.Não tinha para onde fugir, nem mesmo se eles estivesse com seus seguranças dentro do mesmo cômodo.E não era o caso naquele dia.Balançando o pé, despreocupado, ergui a mão na altura dos olhos e analisei os ponteiros do relógio.Trinta e dois minutos.Bufei.Afinal de contas, de quantos minutos mais ele precisava para resolver algo que um homem, com tanto poder, conseguiria em segundos?—O seu tempo acabou. —Me levantei do sofá e o encarei ainda de ombros encolhido, segurando o celular que não parava de vibrar entre as mãos trêmulas.—Por favor, senhor François. Apenas uma última mensagem para confirmar uma possível
99Vicente François⤝⥈⤞Eu joguei meu corpo lento sobre o sofá, conforme raciocinava sobre suas palavras.Mamãe sempre foi uma mulher decidida e de palavras gentis, mas nunca deixou escapar que seus pensamentos fossem tão intuitivos daquela maneira.Expirei, sentindo os músculos das minhas costas relaxando nas almofadas do sofá espaçoso. Deslizei a mão na calça, puxando o celular que saía com dificuldade, reclamando todo o egoísmo do seu tamanho.A parede branca com decorações desconhecidas e sem nenhum vínculo pessoal, foi tudo o que eu tive naquele momento de olhos perdidos pelo ambiente diante de mim, antes que a outra pessoa atendesse a chamada.—Sebastian.—Sim, senhor?—Suba até a cobertura. Preciso de você.—Sim, senhor.Abaixei a mão sobre a coxa espalhada no assento do sofá, e larguei o celular ao lado da perna. Meu suspiro era desesperadamente dramático e enfático.Eu sabia o que aqueles sentimentos significavam. Eu já os havia sentido antes.Eram sentimentos de sacrifícios
98Vicente François⤝⥈⤞Meu coração acelerava cada vez mais enquanto o elevador descia. Saindo da caixa de metal, acelerei os passos pelo estacionamento, sendo escoltado pelos meus seguranças.Eu estava tendo um ataque de pânico.Como eu vou finalizar isso? Como eu vou saber que terei que dizer um adeus definitivo? Como eu explico pro meu coração que não tem mais volta? O que eu vou dizer pra aquela criança que vai crescer sem a mãe? Como eu vou explicar o que fomos?Enquanto a minha ansiedade sufocava a minha sanidade, um dos seguranças havia chamado um paramédico, que não demorou para me alcançar no banco de trás de um dos carros.—Senhor François! Senhor François, precisa respirar fundo, comigo. Eu estava disperso. A respiração estava curta. A gravata parecia apertada, mas ela havia sido desamarrada pelos seguranças. Eu não sentia minhas mãos. Meu rosto estava suado, embora eu não tivesse feito nenhum grande esforço.—Teremos que sedar ele. —Disse o paramédico, aferindo minha pre
97Vicente François⤝⥈⤞Eu sentia uma coisa estranha que me causava agonia e uma extrema vontade de vomitar. Incomodava. Era como uma doença.Eu me sentia doente.Suspirei abruptamente e expirei, levantando-me em um giro revoltado.—Você não tem esse direito.—Direit-—Sim! Você não tem esse direito. Não tem o direito de dizer que me amou ou que me ama. Você não tem.Minha voz foi ficando um pouco mais agressiva e eu olhei para a minha filha no bercinho.—Eu não consigo ter essa conversa agora. Não quando você está nesse estado e… E a minha filha acabou de nascer e está presente. Eu… Eu tenho que ir.Acelerei os passos até a porta e saí o mais rápido que consegui, encontrando minha mãe do lado de fora.⤝⥈⤞—Vicente? Para onde vai com tanta pressa?—Embora. Embora. Eu volto daqui há umas duas horas, eu preciso… Eu tenho que pensar. Fica lá com elas. Fica lá com elas, mãe.E então rumei ao corredor, prometendo adentrar ao elevador.⤝⥈⤞97Lisa Mary⤝⥈⤞Eu estava acostumada a tê-lo me ro
Último capítulo