Meus olhos se fecham por um instante, marejados, pegajosos. Quando os abro novamente, de repente, tudo é dor dilacerante.
O céu flameja acima de mim em cores impossíveis, como se o próprio firmamento se partisse em brasas corrosivas. O ar está pesado, sufocante, impregnado pelo mesmo veneno que senti tramar contra mim naquele caixão amaldiçoado.
Tento erguer a mão para cobrir o rosto, mas enxergo primeiro meu ventre, estou de volta ao meu corpo, mas o alívio queima na garganta e morre em meus lábios ao detectar o horror da ferida.
Meu abdômen está rasgado, exposto, e dele parte uma coluna de luz roxa e dourada que se eleva como um farol profano. A dor me atravessa em ondas brutais, enquanto meus bebês lutam para nascer, empurrando para baixo com forças descomunal.
Parte de minha carne parece apodrecida, outras partes tão frágeis que temo que se desintegre. Grito, mas o som se mistura ao vento envenenado, diluído em agonia.
Sinto as contrações rasgarem cada fibra do meu ser. Cada ba