Ela pisca e sai da cozinha. Respiro aliviada pela rápida solução dela e abro a geladeira. Pego a jarra de suco e despejo o liquido avermelhado no copo. Me sento à mesa e beberico o suco. Arabella surge e começa a revirar as gavetas.
— Lou deixou. — disse. — Pediu pra perguntar seu sabor favorito.
— Mussarela.
Ela pega o telefone e disca.
— Duas gigante. Uma mussarela e uma de presunto.
Arabella finaliza com o endereço da casa e desliga.
— Em meia hora chega. — diz. — Você atende a porta?
— Claro.
Ela sorri pra mim e sai da cozinha.
[...]
Quando a pizza chegou, eu abri-as na mesa da cozinha e ia subir pra chamar as gêmeas, quando Louis desce com as quatro meninas a sua volta. Pela primeira vez, desde que o conheci, ele não sorri pra mim. Ele baixa a cabeça e passa por mim, indo pra cozinha.
Com certeza se arrependeu do beijo. Claro. E como punição para mim, ele não sorri mais. Só porque eu adorava vê-lo sorrir.
— Não vem, Emily?
Kia me desperta dos meus pensamentos confusos.
— Sim, vamos.
Vamos para a cozinha e eu me sento no meio das gêmeas.
O resto da noite foi assim:
Eu sentia o olhar de Louis em mim, mas quando eu o olhava, ele olhava para outro lado ou para baixo.
Alguma coisa estava acontecendo.
Depois que as pizzas acabam, Louis diz que vai colocar as gêmeas para dormir e sobe.
— Quer ajuda Emily?
— Não meninas. — sorrio pra elas. — Podem ir. Vou ajeitar tudo e dormir. Estou cansada.
— Tudo bem. Boa noite, Emily.
— Boa noite, meninas.
Elas saem da cozinha e eu olho em volta. Descarto as caixas de pizza no lixo e coloco os laváveis na pia. Lavo e seco tudo e apago a luz da cozinha. Vou até o quartinho e pego meu pijama, toalha e necessaire. Depois vou ao banheiro e tomo um rápido banho.
Minha cabeça estava pegando fogo. Louis não saia dos meus pensamentos um minuto.
Termino o banho e me seco rapidamente. Visto o pijama e escovo os dentes. Depois volto para o quarto e me deito. Olho para o retrato dos meus pais e passo um dedo no vidro.
— Amanhã eu vou conversar com vocês.
Adormeço logo.
[...]
Desperto sem que o celular toque e olho em volta. Paro o olhar no retrato dos meus pais.
Sexta feira.
Agarro na calça jeans e a visto rapidamente. No mesmo instante que eu vestia a blusa preta, calçava as botas. Jogo o cabelo para trás e faço um coque. Visto uma jaqueta preta e saio do quarto. Vou até o banheiro e escovo os dentes rapidamente. Molho o rosto e o seco.
Saio da casa e ando poucas quadras, até entrar no cemitério de Doncaster. Passo pelas lápides de pessoas desconhecidas, até chegar no meu lugar.
A lápide dos meus pais.
— Cheguei. — digo, me ajoelhando. — Eu não trouxe flores hoje. Tinha uma certa urgência em vir aqui. Precisava desabafar com alguém e... mesmo que vocês não estejam mais aqui na terra, estão no meu coração e eu sei que me protegem de tudo de ruim.
Respiro fundo.
— Estou trabalhando. Na casa de um famoso. Sou babá das meninas mais novas. Louis, o irmão mais velho, está mexendo comigo. Com a minha cabeça e meu coração. Ontem ele me beijou, em uma tentativa desesperada de me provar uma coisa. — solto uma risada. — Foi tão bom. Tão sincero. Sabem, que desde o meu namoro frustrado com David, eu não conseguia sentir prazer em quase nada. Mas aquele beijo de Louis, fez renascer uma chama dentro de mim. A mãe dele parece não querer que a gente fique juntos. E eu não sei o porquê. Não sei o que fazer. Eu... eu queria tanto que vocês pudessem me aconselhar. — as lágrimas correm pelo meu rosto. — Que me dissessem o que eu tenho que fazer.
Soluço e passo a mão pelo rosto.
— Tome.
Ergo o olhar e encaro a menina morena que me esticava um lenço.
— Sempre que venho aqui, preciso de vários desse. — diz. — Pega.
Pego o lenço da sua mão e seco minhas lágrimas.
— Obrigada. — digo.
— Não foi nada. Vi que estava precisando.
— É.
— Vou... deixar você aí.
— Não, eu vou embora. — olho mais uma vez para as lápides. — Semana que vem eu volto. Amo vocês.
Fecho os olhos e faço uma oração. Depois me levanto e caminho do lado da menina.
— Sou Sara. — diz. — Vim deixar flores para minha mãe.
— Sou Emily. Não trouxe flores hoje, mas semana que vem trago o dobro.
Ela sorri de leve.
— Vem toda sexta?
— Sim. Antes era porque eu cuidava da minha tia doente e agora eu estou trabalhando.
— Oh, entendi. Eu venho sempre que posso. Cuido da minha irmã de oito anos sozinha.
— E seu pai? — atravessamos a rua.
— Eu não o conheço. — ela passa a mão no cabelo, onde tinha pequenos flocos de neve. — Minha mãe nunca falava dele, então não sei.
— Se é só você e sua irmã, do que vive?
— Da herança que minha mãe deixou pra gente. Ela deixou um bom dinheiro para Julie, em uma conta separada. E quando ela fizer dezoito poderá mexer naquele dinheiro.
— Oh entendi. Eu nunca soube de nenhuma herança, então não tenho dinheiro algum. Se eu resolver sair desse trabalho ou for demitida, não sei o que será de mim.
— Complicado.
— Muito. — paro na frente da casa dos Hamilton. — É aqui que eu fico.
Ela olha pra casa e depois pra mim.
— Você trabalha pra família Hamilton?
— Sim. Não sabia quem eles eram quando cheguei.
— Meu Deus! — ela bota a mão no rosto. — Que sorte a sua! Meu Deus!
— Gosta da banda?
— Amo! Muito. Sou louca por eles.
Solto uma risada.
— Eu chamaria o Louis pra você, mas acho que ele ainda está dormindo.
— Tudo bem. — ela sorri.
— Vou entrar. Preciso preparar o café.
— E eu comprar a meu muffin matinal. Como um toda manhã. Amo muffin!
— Estou vendo. — solto mais uma risada. — Bem, nos vemos semana que vem?
— Sim. Vou levar lenços extras.
— Obrigada. Tchau.
— Tchau, Emily!
Ela acena e eu entro. Vou para a cozinha e vejo todos a mesa, já tomando café.
— Emily! — Louis levanta. — Onde estava? Achei que tinha acontecido algo.
— Não aconteceu nada. Só fui... ao cemitério.
— Oh... então, está tudo bem?
— Sim. — ele sorri, e aquilo muda minha manhã. — Estou bem.