77. RECUPERANDO A MINHA LUA
KIERAN:
Virei rapidamente a cabeça, tentando encontrar o que Claris estava a ver, mas não consegui distinguir mais do que uma sombra a desvanecer-se na penumbra. Antes que pudesse reagir, ouvi Fenris dizer na minha mente com urgência:
— Encontraram-nos, Kieran. Tens de tirá-la daqui agora.
Os meus olhos fixaram-se em Claris, que apertava o tecido do lençol com mãos trémulas. Olhava para mim sem saber o que fazer ou pensar, visivelmente assustada. O meu coração encolheu ao vê-la assim. Foi então que reparei: ao redor do seu pescoço descansava um colar estranho, cuidadosamente desenhado. Soube de imediato o que era: um artefacto que bloqueava não apenas o seu aroma, mas também todo o vínculo comigo. Mesmo que não recuperasse a memória, teria a capacidade instintiva de confiar em mim devido ao nosso laço de almas. Esse colar estava a roubar-lhe isso.
— Claris, confia em mim — sussurrei perto do seu ouvido, tentando acalmar a tempestade nos seus olhos.
Inclinei-me em direção a