Capítulo 4: Lorena...

Confesso que fiquei sem ar, o homem é lindo, parecia ter saído de um filme.

Ele é absolutamente deslumbrante, tem um rosto tão bonito e simétrico, com traços fortes e ao mesmo tempo suaves. Seus olhos escuros são intensos e expressivos. A barba bem cuidada, lhe dá um ar de mistério e masculinidade. Seu cabelo escuro, penteado para trás, realça a forma do seu rosto e destaca seus olhos. Ele tem uma estrutura física impecável, com ombros largos e um corpo magro e definido. Usa uma camisa listrada que o veste muito bem, mostrando o seu físico atlético sem ser vulgar. Há uma confiança e charme em torno dele que é inegavelmente sexy.

...Ele é simplesmente irresistível!...

Rapidamente desvie o olhar, não quero problemas com essa família.

O homem fixa o olhar em mim e todos pareciam perceber.

— Essa é a nova arrumadeira, filho! — disse em tom de desdém. — Sobrinha da Gisa...

Ele não diz nada e volta a sua atenção para as meninas.

Quando vou me retirar, Isabella segura a minha mão.

— Super-Loló! — diz manhosa. — Quero o meu tete...

Todos olham com espanto.

Achei que os olhos da minha tia iriam saltar de seu rosto.

Não poderia ignorar a pequena.

...Que Deus me ajude!...

— Qual é o problema, minha pequena super heroína? — perguntei docemente, com um sorriso no rosto. — Por que não está comendo os super-legumes?

Isabela cruzou os braços e fez uma careta engraçada, tive que conter a vontade de rir.

— Eles são verdes e feios... não quero! — resmungou, fazendo cara de nojo.

— Mamadeira, mamadeira... — chora Isadora.

Agachei no meio de suas cadeiras e disse:

— Tenho um segredo sobre esses legumes! — digo capturando a atenção das pequenas. — Sabiam que eles tem poderes especiais que nos ajudam a ficar muito fortes!

— Sério? — perguntou Isadora com os olhos brilhando.

Ignorei os olhares de todos e só elas importavam.

Joana chega com as mamadeiras e minha tia faz sinal para voltar para a cozinha. Confusa, voltou discretamente para a cozinha.

— Sim! Olhem para esses brócolis, eles são como mini árvores que nos dão força para escalar montanhas! E essas lindas cenouras são como feixes de luz que nos ajudam a ver melhor no escuro!

— Se eu comer eles, vou ficar mais forte? — perguntou Isabela mexendo no legume com o talher.

— Exatamente! E se comerem todos os legumes hoje, prometo que teremos uma missão secreta... que tal uma caça ao tesouro no quintal?

As gêmeas se entreolharam, claramente intrigadas pela ideia da caça ao tesouro.

— E mais uma coisa, quem comer mais legumes, será coroada a rainha do castelo das gargalhadas!

— Rainha do Castelo? — perguntaram em uníssono, com um sorriso travesso nos lábios.

— Sim e as rainhas devem ser muito corajosas! Vamos lá? — perguntei e elas assentiram com a cabeça.

Com essa nova perspectiva sobre o almoço, as meninas começaram a experimentar os legumes sem perceber. Primeiro uma colherada, depois outra e todos riam com as caretas das pequenas ao provar cada tipo de legume e carne que havia no prato.

Todos observavam surpresos com a mudança repentina das meninas. Nunca tinham aceito comer tão facilmente, ainda mais na presença de alguém novo.

— Lorena, realmente tem um dom especial com crianças! — comentou senhor Lawrence, em voz baixa para a sua esposa e a mulher revirou os olhos.

Ela não parecia se agradar com a situação, então decidi que era o momento de me retirar.

— Deixarei vocês almoçando com seus avós e papai... depois vão me contar quem foi a grande vencedora!

Pedi licença e me retirei da sala de estar em passos largos.

Não ousei olhar novamente para o rapaz, tenho zelo ao meu emprego.

A minha tia entrou na cozinha com um largo sorrisso, acreditei que arrancaria a minha orelha, mas me deu os parabéns.

— Foi surpreendente, filha! Nem no internato eles conseguem fazer elas comerem! Parabéns!

— Que bom que ajudei, tia!

— Lorena, se lembre do que te falei sobre...

— Eu sei tia, não se preocupe...

Quando as meninas terminaram o almoço, pediram para me chamar, queriam que eu visse que comeram todo o almoço. Mostraram seus pratos felizes da vida. Percebi que o pai delas me observando e minhas mãos ficaram trêmulas de vergonha.

— E agora, quem ganhou super Mari?

— Houve um empate e mais que justo que as duas sejam coroadas rainhas!

Elas batem palmas comemorando.

— Viu papai, eu sou rainha...

— Eu também, papai... eu também! — dispara Isabella eufórica.

Ajudei a se limparem e o seu pai as colocou no chão.

Após o almoço, voltei as minhas tarefas.

Quando o expediente terminou, estava exausta.

Troquei-me e fui me despedir de tia Gisa, ela só vai para casa aos finais de semana.

As gêmeas entram correndo na cozinha querendo saber quando vamos brincar de caça ao tesoro.

...Com tanto trabalho havia me esquecido!...

— Esqueceram que quando eu saio daqui, tenho que cumprir com a minha missão de super-heroína? Então, hoje preciso ir!

Elas concordaram.

Deixei um beijo no alto de suas cabeças e sai da mansão.

Fui para o ponto de ônibus.

Assim que o veículo chegou, voltei para casa lembrando dos breves momentos com Isadora e Isabela, elas são tão lindas. No entanto, precisam de alguém com pulso firme para ajuda-las nessa fase de suas vidas, onde estão aprendendo tantas coisas.

É estranho o carinho que invadiu o meu coração, desde que as vi pela primeira vez. É como se algo dentro de mim pedisse para eu cuidar e protegê-las.

Ao chegar em casa, encontrei com os meus irmãos.

Milena está trabalhando de garçonete num cybercafé e Murilo de segurança. A minha irmã começou a fazer faculdade e está adorando.

Após o jantar, fui para o meu quarto.

Milena, queria saber os detalhes sobre o filho do casal Lawrence.

— Ele é um homem bonito, mas muito arrogante e grosseirão!

— Hum... — zomba e eu jogo uma almofada nela que sorri.

— Já as filhas dele são lindinhas, estou apaixonada naquelas duas pequenas!

— Mudando de assunto e a faculdade?

— Adorando!

Conversamos mais um pouco e exausta fui para a cama.

Quando a escuridão domina o meu quarto, aquela tristeza volta a me assombrar e não contenho as lágrimas que enxarcam o meu travesseiro.

... Será que em algum dia, essa dor irá passar? Será que vou conseguir superar?

Adormeço com tais pensamentos.