Acordo devido às luzes que entram pela janela, me irrita acordar assim. Levanto e decido tomar banho, deixo a água encher a grande bacia e tiro minha roupa, logo depois a faixa do curativo e entro na banheira, sem dor alguma nas costas ou no braço, que maravilha. Aquela mulher é realmente poderosa. A única dor que sinto é da fome por não comer nada até o momento.Quando termino, me levanto e levo um susto quando o homem entra no quarto, eu estava de costa para ele e por isso, saio rápido da banheira e me enrolo na toalha. Fico de frente para onde ele está, completamente assustada, não confio nele. Vive dizendo que vai me devorar, não sei como entender essas palavras. Não me parece que ele come pessoas no sentido de comer mesmo. Ele vem andando em minha direção, fico com medo do que pode vir a seguir, seu rosto é de surpresa e espanto. Conforme ele se aproxima, recuo até que minhas costas encostaram na parede. É o meu fim. Ele para em minha frente e fica me encarando, sua boca se abre
Percebo que já está escurecendo e me sento no galho que estou, sequer percebi o tempo passar. O sol está se pondo. Está tão lindo, uns tons abóboras, vermelhos e amarelos, é a primeira vez que vi assim de um ângulo certo e no oceano. Sempre via da varanda do meu quarto, mas não é a mesma coisa, admiro pelo máximo de tempo que posso, não sei se terei chance de sair novamente. E preciso descer do topo dessa árvore antes de escurecer, posso acabar caindo e não quero isso.Quando chego ao chão, vou em direção a escada e entro na casa, aquele homem desapareceu. Não imaginava que ele me deixaria sair e depois sumiria assim. Acho que poderia fugir caso quisesse, porém, por algum motivo, tenho certeza que ele conseguiria me achar. Fiquei o tempo todo naquela árvore, não percebi o tempo passar, fiquei sem comer o dia todo, preciso comer algo. Vou aproveitar que aquele homem sumiu e vou comer escondido. Será que a cozinha é naquela porta enorme mais a frente? Passo por ela só para me certifica
°•°Peter°•°• Preciso terminar de preparar as correntes e a jaula, hoje é dia de lua cheia, posso me transformar sempre que quero, mas quase não faço isso. Não é algo que eu necessite, é apenas algo que faz parte de mim e nas noites de lua cheia, sou obrigado a me transformar. Quase não me transformo, pois não consigo controlar o monstro, preciso deixar tudo certo, não posso sair da jaula, não com ela aqui, posso pôr meu plano a perder se eu fugir. — Tenho de ver se está tudo firme para me segurar, da última vez não deu muito certo e escapei, dessa vez isso não pode acontecer. — Começo a conferir rapidamente, pois a lua já está prestes a chegar em seu auge. Olho para a janela, tenho pouco tempo até que a transformação aconteça, pego alguns galhos finos da planta que pode ajudar ela a se proteger de mim e ando a passos largos em direção ao quarto em que está. Abro a porta, ela está acuada no canto do quarto e a imagem me deixa tão satisfeito, parece uma ovelha assustada e meu lado lo
•°• Mellany •°•• Pensei que ele não me diria o nome, mas fiquei surpresa quando me respondeu. Só não entendi o motivo da planta. Quando ele colocou em minha mão, senti minha mão queimar e não consegui segurar por mais tempo. — Ele estava estranho que o normal. – Comento dando de ombros e jogo a planta na cama, elas me queimam e parecem sugar minha energia. Vou até a janela, a noite está tão linda, hoje é lua cheia, eu amo essas noites. Todas as noites que tinha lua cheia, costumava esperar todo mundo dormir e ia para o jardim de casa, o ar parecia ser especial nessas noites e assim como as estrelas, continham uma certa magia. Sou tirada de meus pensamentos ao escutar um grito, ele está gritando, o que será que está acontecendo? Foi um grito de dor, isso me deixa com medo, se ele está com dor e ele é mau, o que fez isso deve ser pior ainda. Não é bom para mim. Ando em direção a porta, péssima ideia, pois quando estou próxima de segurar na maçaneta para ver se está aberta, ela se ab
°•°Peter°•°•No momento que a ataquei, minha única intenção era matá-la, meu instinto falava mais alto, o monstro queria isso, não conseguia me controlar. Tentei resistir, mas estava disposto a devorá-la e isso acabaria com meu plano. Quando meus dentes cravaram em sua pele, tão macia, tão frágil, eu ia matá-la sem dúvidas, até que seu grito ecoou em meus ouvidos, não sei o motivo, mas aquele grito fez o monstro se acalmar, foi como se ele a reconhece de alguma maneira, ela era a calmaria em sua tempestade. Foi tão estranho. Naquele instante, não queria matá-la, queria protegê-la e não sabia como fazer, meu lobo ficou agitado, temeroso e culpado. Quando me vi sentindo o cheiro que seu corpo emanava, foi como se um turbilhão de sentimentos fossem jogados contra mim e uma calmaria que nunca senti relaxou meu corpo transformado, irradiou pela minha mente e consegui retomar o controle, consegui me controlar.Isso me assustou, pois quando era mais novo, tinha quinze anos na época, estava
•°• Mellany •°•• Resmungo descontente quando volto a mim, olho para todos os lados ao sentir que estou sobre algo macio. Lembro de cair no chão gelado e duro, alguém me encontrou. Olho para baixo e levanto os braços, estou vestindo outra roupa. Me sento rapidamente quando percebo isso e também quando reconheço o ambiente. Ele me trocou? Ele me viu nua. Me auto abraço, isso faz com que uma dor grande incomode meu ombro e olho, está enfaixado. Estava com medo e fugi, ele me encontrou e vai me punir novamente. Estou com medo da reação dele, se dá ultima vez me bateu sem piedade, agora vai completar a outra ameaça que me fez, vai me fazer a mulher dele. — Será que ele vai me punir novamente? — Minha pergunta sai em um sussurro. — Não, dessa vez vou deixar passar, mas se fizer isso de novo já sabe o que vai te acontecer. — Tomo um susto quando ele entra no quarto e puxo a coberta para me cobrir até o pescoço. — Come. — Diz colocando uma bandeja com comida ao meu lado. — Anda. — Me obr
*°*Rei Marcus*°*— Odeio não ter notícias. — Falo, olhando para Nana, já se passaram alguns dias, mas ela continua chorando. — Ainda lembro do abraço que ela me deu antes de sair. — A mulher me olha desolada. — Senhor, nós precisamos encontrar ela. — Nana diz voltando a chorar. — Eu sei, mas não entendo. O normal é que peçam uma recompensa, mas está demorando muito. — Olho para os guardas parados em minha frente, acabaram de voltar da procura e nada. Ainda tenho esperança de que os que ainda não voltaram a tenham encontrado. — É impossível que ela tenha fugido, sequer saberia se virar lá fora. — Já não sei mais o que pensar.— Existe alguém que queira se vingar do senhor? Algum inimigo meio ao povo ou algum reino que é contra sua soberania? Alguém que o odeie tanto a ponto de pegar minha menina para se vingar? — Nana pergunta me olhando.— Não, não sei. Sou tão bom para o povo, não consigo lembrar de nada que tenha feito para alguém. — Digo, coçando a cabeça, realmente não me lembro
•°•°Peter°•°•Escuto ela gritar assim que saio do ambiente. Não consigo entender ela. Mesmo que fosse a pessoa mais gentil do mundo, ela deveria ser do tipo que coloca veneno e não que tenta alimentar quem te causou mal. É impossível que aquele homem podre possa ter feito uma filha assim. Certamente, isso é para me enganar e evitar que seja repreendida. — Garota estranha. — Resmungo subindo as escadas e um sorriso bobo brota em meus lábios, mas logo desfaço. — Devia estar me odiando e não ficar sendo toda gentil, pode ser assim o quanto quiser, não vai mudar o que sinto e a minha vingança. — Falo entrando em meu quarto. *Eu gosto dela.* Balanço a cabeça negativamente quando começo a escutar coisas que não deveria. Pensamentos assim me irritaram durante todo o dia Preciso tomar banho, dormir e tentar relaxar. Todo esse estresse está me causando esse pequeno conflito. Nada que uma boa noite de sono não faça. A primeira lua cheia me obriga a ser um monstro, monstro esse que está estr