••°• Mellany •°••Tento olhar ao redor, mas não consigo, está tudo preto. Estou assustada e com frio, onde estou? Meu corpo está arrepiado, sinto alguém me espiando à espreita, mas não consigo saber de onde vem essa sensação. É horrível. Meu desespero me faz chorar, quero sair daqui, mas não sei como. “Não sei como farei isso, mas vou te proteger e te trarei de volta.” — Peter? — Me viro ao ouvir a voz dele. — Onde você está? Me ajuda. — Suplico.“Mellany, me escute. Estou aqui e vou te proteger, irei cumprir minha promessa e não vou te abandonar nunca.” Começo a correr na direção que sua voz parece estar vindo, uma pequena luz branca cresce da escuridão e isso me deixa feliz. Acho que ele está conseguindo me ajudar, vou sair daqui e poderei viver em paz. — Não. — Paro de correr quando a luz desaparece, me deixando novamente na escuridão.Estico as mãos e tento me orientar conforme ando, parece que meus olhos foram cobertos com algum pano escuro e não posso mais enxergar. Me agach
Me afasto de Peter, só então percebo que ele está sem roupa, somente com um pano enrolado no corpo. Meu rosto começa a queimar no mesmo momento, tento disfarçar, mas não consigo esconder. — Ah, é verdade. Já volto. — É tudo que o homem diz antes de sumir do quarto em sua velocidade.Olho ao redor, meu quarto está destruído e não sei como permanecerei aqui. Creio que não tenha como e não é só pela destruição, é por tudo que aconteceu e pelo fato de que não sou mais criança para obedecer meu pai. Foram tantos anos me tratando bem e cuidando de mim com zelo, pouco tempo foi necessário para que jogasse fora todo o cuidado. Seu jeito cruel foi um baque e não sei se o perdoarei agora, mas tenho certeza que futuramente o perdão pode acontecer. Não sou uma pessoa ruim, afinal, perdoei o Peter depois de tudo que aconteceu. Só preciso organizar os sentimentos embaralhados dentro de mim e tudo ficará bem.Me viro para fora, o tempo está agradável e bonito, parece que o caos estava acontecendo
Desperto, mas não sinto vontade de acordar. Estou tão cansada, queria dormir mais, porém quem me balança impede isso.— Acorda, minha querida. — Nana diz, ela é minha babá, cuida de mim desde o meu nascimento.— Não, deixe-me dormir só mais um pouquinho. Ontem fiquei até tarde acordada, olhando as estrelas. — Digo, puxando o cobertor até tapar a cabeça.— Ninguém mandou ser tão sonhadora. — Nana disse puxando o cobertor e dobrando. — Seu pai vai viajar hoje, você deveria se despedir, não? — Dou um pulo da cama assim que ela termina de falar. — Venha, seu banho já está pronto.— Claro, claro. Como pude esquecer que meu pai viajaria hoje? Queria tanto ir com ele, mas, por algum motivo ele não quer deixar. — Falo tirando o pijama e indo me banhar.Terminei de tomar banho, coloquei a roupa que Nana havia escolhido para mim e ela penteou meu cabelo. Hoje ele está especialmente vermelho, por isso falei para ela deixar solto, após muita insistência de que o correto é preso. O que não ligo mu
"Desperto, mas a umidade que toca meu corpo, me deixa confusa. Abro os olhos e me sento, estou no meio da floresta. O que está acontecendo? Alguém me tirou do castelo? Será que foi a pessoa que estava me observando? Pensei que era coisa da minha cabeça.A sensação volta, fico de pé e o nervosismo toma conta de mim. Olho ao redor, está escuro demais, somente a lua ilumina o pouco que consigo ver. Vejo a silhueta de um homem vindo em minha direção, não vejo suas feições ou corpo, apenas um contorno preto que se aproxima cada vez mais. Meu peito sobe e desce pelo nervoso. Reprimo um grito quando a silhueta humana vira a de um animal, um lobo. Ele é enorme, maior do que o humano era. Seus pelos são pretos como a noite, quase se perde em meio a escuridão, mas ainda vejo que está vindo por conta dos olhos azuis cintilantes.Quando seus olhos ficam vermelhos, tento me virar e correr, mas meu corpo fica preso ao chão. O que parecem raízes de árvores começa a me prender, olho para baixo e tent
A hora do baile se aproxima, termino de me arrumar, dessa vez meu cabelo está preso em um coque muito bonito com uma tiara ornamentada. Não quero esse cabelo todo me atrapalhando na hora da festa. Dispensei a maquiagem, só o vestido e meu cabelo bem vermelho chamam a atenção. O vestido é marfim, tem o corpete bem apertado com pontos brilhantes e a parte debaixo aberta em camadas. Foi amor à primeira vista.Sigo em direção a carruagem que me levará, Nana vai comigo como acompanhante. Ela também está linda em seu vestido de baile. Assim que entramos, o cocheiro já se põe a conduzir nosso transporte.O reino vizinho não é tão longe, mas demora um pouco até chegar. Escuto o galopar de mais cavalos que o normal, abro uma fresta na janela e vejo o tanto de guardas em cavalos ao nosso redor.- Por que tantos guardas? - Volto a me sentar direito, para olhar Nana.- Precaução. O caminho entre os reinos tende a ser muito perigoso ao entardecer. - Responde, mas sinto que não é só isso. Não irei
Acordo com o barulho de uma porta batendo e me sento na hora. Olho para os lados e vejo que não conheço esse lugar. Fico desesperada, pois acreditei ter sido apenas um pesadelo, igual a outra noite, mas não é.Estou apavorada e com muito frio, pois meu vestido não está mais em meu corpo, apenas minhas roupas de baixo. Nem meu cabelo está preso mais. Quem me capturou?Fico por um bom tempo tentando entender a situação, buscando um motivo para que a pessoa me trouxesse para cá. Só um apareceu em minha mente, o fato de eu ser uma princesa. Deve ser algum mercenário em busca de riquezas.Tento me levantar após um bom tempo parada encarando a parede, meu pulso dói e acabo me sentando novamente. Estou acorrentada como um animal raivoso. Puxo o braço, tentando passar pela pulseira larga, mas tudo que ganho é uma pele machucada e avermelhada.— Socorro, alguém me ajuda. — Começo a gritar. — Por favor, me tirem daqui. — Minha garganta dói pela intensidade que coloco, meus olhos transbordam pel
Quando chego ao final da ponte, vejo que tem uma caverna. Não olho para trás, apenas continuo correndo, entrando no local escuro mesmo sem saber para onde me levará.Algumas folhas batem em mim, elas cobrem o caminho e parecem estar penduradas no teto. Vejo um paredão à frente, muitas folhas, mas só pode ser a saída. Fecho os olhos e corro em direção, espero o impacto, mas ele não vem, apenas consigo sair do outro lado e preciso frear meus pés para não cair.Olho para trás, qualquer um que passasse por aqui, não saberia desse lugar, pois é imperceptível. Uma montanha enorme, com folhas penduradas em toda a sua extensão. Ele parece ter pensado em tudo.Me dou conta de que estou fugindo e começo a correr em direção às muitas árvores à frente. Não sei para onde vou, só sei que chegarei em algum lugar. Se eu tiver sorte, encontrarei alguém que possa me ajudar.Paro de correr quando escuto uma risada bem alta. Olho ao redor, mas não vejo ninguém. O mais estranho foi que ouvi ela dentro da
•°•° Peter °•°•Meu corpo fica inerte, como se uma força maior estivesse assumindo o controle de minhas ações. Não consigo mais segurar o chicote, ele cai da minha mão e faz um som alto ao se chocar com o chão.Ela está imóvel, chorando baixinho, quase que um sussurro. Passei dos limites, agora ela está toda machucada e sangrando, não era para ter feito isso, isso não era para ter acontecido. Infelizmente, olho para ela e as cenas da morte de minha mãe vem tudo à minha mente.Era para ter prendido ela aqui e não batido. Burro, que idiota eu fui. Começo a bater na minha cabeça, enquanto penso. Ela tinha pedido desculpas e mesmo assim continuei.Eu devia assustar ela, mas não fazer isso. Minha ideia era trocar sua vida pela de seu pai, como farei isso agora se a marquei? Ela está toda machucada e ele vai querer ela intacta, caso queira trocar de lugar.Por que ela tinha de fugir? Por que tinha de instigar o pior de mim? Por que só de estar ao lado dela, sinto só ódio e vontade de me vin