CAPÍTULO 07
Don Pietro Voltei a me conter e manter o meu silêncio que é o mais comum. Não posso me deixar comover por essa mulher, só porque ela é mais agitada que as outras, e destemida. Tá certo quem nunca vi alguém com tanta fibra e que roubasse um pouco da minha atenção, e principalmente que não fosse nos seios e nem na bunda, mas preciso me conscientizar que não pode passar disso. Voltei apenas à observar tudo o que acontecia ao meu redor. Indiquei o caminho à seguir, e ainda tentava entender como dirigia tão bem, se não sabia... será que ela mentiu? Então quando chegamos, coloquei uma das pistolas na cintura, e a outra no porta-luvas, para verificar o que tinha acontecido. — Qual foi a informação que te deram? — perguntou olhando para todos os lados, assim como eu. — Que Rosa Antero estava aqui, alguém a encontrou e a ajudou a chegar nesse lugar. Ela tem aproximadamente dez anos, mas é maior que a sua idade representa. — falei sério e sem rodeios, apertando a campainha. — Ótimo! Vamos encontrá-la e cair o fora daqui... não simpatizei com o lugar! — me olhou com o semblante irritado. Percebemos um alvoroço no local, aquilo não era normal, e claro que a Fernanda já estava sem paciência, pois em segundos ela pulou o muro irritada, e ainda me olhou com cara de bechoche. — Tá esperando o quê? Tem coisa errada aqui! — Ual! Tô gostando de ver. — em segundos também pulei o muro e já começamos a ouvir choros e frases que talvez a Fernanda não entendesse, mas eu sabia o que estava acontecendo ali. — Eles levaram a Juny, levaram a Cida! — uma menina dizia desesperada. — Foram várias! Aí meu Deus... eu estava no banheiro. — outra chorava, também. — O que está acontecendo, aqui? — Fernanda questionou, mas nenhuma das meninas respondeu, estavam com medo. — Vocês viram uma garota chamada Rose? — perguntei, mas daí que se encolheram. — Eu tenho uma foto dela que protegi na mochila, vejam! — ela tirou uma foto do meio dos seios, e até me desconcentrei com a visão rápida que tive daqueles seios tão durinhos enquanto ela mexia pegando a foto. — Eu a vi... — uma garotinha bem pequena que eu nem tinha notado pronunciou, e vi a Fernanda se ajoelhar no chão bem perto dela, de forma carinhosa. — Calma querida, não precisa ter medo! Ela é minha irmãzinha, e eu preciso encontrá-la... você a viu? — A menininha com lacinhos no cabelo, assentiu. — Ela estava aqui..., mas sumiu! Ela tinha medo tia, então eu falei que poderia ficar comigo, mas... — O que foi? — Um homem feio a levou para escovar os dentes, e não pude evitar... — a criança estava bem triste. — Eu vou encontrá-la, tá bem? Então trarei ela para te visitar, eu prometo! — Promete? — Sim! Qual o seu nome? — Alice... — Certo, Alice! Obrigada por me contar, você é muito corajosa. Vi o seu olhar de desespero, e enfurecido que saiu andando depressa, direto para a sala do diretor. Abriu a porta sem bater e quase esfregou a foto no rosto dele. — Aonde ela está? — Eu não sei... nunca vi essa garota antes... — estava claro que ele mentia, e agora eu iria tirar a limpo, mas não tive tempo. A Fernanda puxou com destreza a pistola da minha cintura e apontou para a cabeça do diretor. — Tem três segundos para me contar, ou eu estouro os seus miolos! — abri a boca em choque, e aposto que meus olhos arregalaram. — CALMA, CALMA! EU CONTO... ABAIXE A ARMA! — ele pediu, e até cruzei os braços para assistir a cena tão hilária que seguia. Nunca imaginei que o meu dia seria assim. — Dois... — Eles a levaram! — falou depressa. — Eles quem? E, pra onde? — perguntou ainda com a minha pistola apontada para o diretor. — Traficantes! Tem um mafioso poderoso de Atenas, que estava no comando, e não podemos nos meter, ele mata a quem quer que seja, Yago tem o sangue frio... — Yago? — falamos juntos. — Sim, eles fazem tráfico humano, saíram a pouco, talvez se correrem os alcancem no porto, iriam de navio! — Saiba que se estiver mentindo eu volto aqui e vamos ter uma conversa bem diferente! — esbravejei. Fernanda lhe deu uma coronhada que o derrubou de joelhos, deu um chute, e devolveu a minha arma, me deixando excitado com a perfeição dos seus atos. — Aonde aprendeu tudo isso? — perguntei enquanto saíamos. — Com o meu pai! Já disse que o básico eu sei... o resto é improviso mesmo! — sorri ao vê-la pulando o muro, e a segui. Desta vez fui eu quem assumiu a direção, e pisei fundo. Eu sabia de onde saíam os navios, e fui direto pra lá, mas quando chegamos todos eles já haviam partido. — E, agora? — me perguntou. — Agora você descansa! Vou te levar pra casa, e vou resolver isso tudo, porquê você já improvisou demais por hoje! — afirmei. — Verdade... ainda não te vi resolver muita coisa. — entrou no carro novamente, me deixando irritado. Passei a informação para a equipe, e quando chegamos em casa, fiquei incomodado, descobri que a garota havia morrido, e não sabia como contar pra ela. — O que foi? Fechou a cara ainda mais... — me perguntou. — Houve um naufrágio... sinto muito! — Do que está falando? — Olha a matéria que acabei de receber! Tem a foto dela, que foi tirada no embarque e enviada, haviam muitas meninas... — Isso não pode ser verdade! — pegou o meu celular e começou a olhar e ler todas as informações, em choque. — Infelizmente é! — Eu vou encontrar Yago, e farei questão de fazer vingança, vou torturar até a morte, aquele infeliz maldito, que destruiu a minha família! — abriu a porta do carro, e desceu com raiva, e me apressei em segurá-la pelo braço no percurso. — Eu posso ajudar! — Como? — Temos um acordo, não temos? — assentiu segurando as lágrimas, que pareciam não aguentarem muito tempo para aparecerem. — Eu também quero muito encontrar e acabar com esse maldito! Não é de hoje que faz tanta merda! — É o que eu mais desejo! Não pensarei em outra coisa que não seja isso! — Nós só precisamos assinar os documentos de casamento, quando estiver melhor, passe no escritório e dê uma olhada... — Tudo bem, mas agora eu preciso ficar sozinha... — Vá descansar! Eu vou descobrir tudo sobre esse maldito. — soltei o seu braço, e ela olhou desconfiada, e foi saindo aos poucos. . Aproveitei o começo de noite para investigar e resolver assuntos no escritório. Notei os papéis do contrato de casamento na mesa, e nem havia reparado que ela passou ali para assinar antes de ir para o seu quarto, e aproveitei para fazer o mesmo, e já guardei no cofre. Não descobri nada a respeito daquele cara, então provavelmente ele tenha saído do país, o que dificulta um pouco as coisas. Mari bateu na porta, me chamando para o jantar. — A Fernanda já jantou? — questionei. — Ah, não... ela disse que estava sem apetite, senhor... — Não comeu nada? — Não, Don! — respirei fundo. . . Fernanda Antero . . Preferi passar e assinar aqueles papéis de uma vez, agora sou oficialmente esposa daquele Don, e ele me ajudará a vingar a minha família. Saber do que aconteceu com a minha irmã foi demais para mim, e apesar de eu querer me manter forte e não desabar na frente desse grandão, eu precisava ficar sozinha e deixar as lágrimas rolarem por um tempo. Não consigo acreditar que isso tudo esteja mesmo acontecendo... Perder o meu pai e a minha irmã na mesma semana, é um peso maior do que eu poderia suportar e deixei com que o desespero tomasse conta de mim, assim que encostei a porta daquele quarto. Eu falhei na minha missão em protegê-la. Mesmo sabendo o quanto me esforcei para conseguir chegar até aqui, está claramente comprovado que não fui incapaz de mantê-la a salvo e tudo que eu aprendi não valeu de nada, a essa altura a minha irmãzinha está muito longe daqui. Com os olhos inchados e a cabeça em outro lugar, não percebi que alguém havia entrado no quarto e me assustei quando dei de cara com o Don na minha frente. — Eu trouxe o seu jantar! Não pode ficar sem comer, não te vi comendo hoje... — Não precisa se preocupar... — Fique bem, vamos resolver esse assunto! — o olhando tive uma ideia. — Posso te pedir uma coisa? — Depende... — Quero que me treine! Me ensine tudo o que sabe... quero acabar com aquele homem...