Clarice ficou paralisada por um instante, mas logo recuperou a compostura. Seu tom permaneceu indiferente: — Eu e o Sterling já estamos divorciados. Quem decide sobre este filho sou eu! Além disso, o Sterling já está morando com a namorada. Duvido que ele queira saber sobre a minha gravidez. — Ah, é? Sterling está morando com a namorada? Quem é ela? — Simão arqueou as sobrancelhas, achando difícil acreditar que Sterling fosse esse tipo de homem. Apesar disso, Simão não pôde deixar de admirar a frieza de Clarice. Era impressionante que ela não planejasse deixar o filho reconhecer Sterling como pai. — Se você quer saber, pergunte ao Sterling. Ele é a pessoa mais indicada para responder, não eu! Agora, se você já terminou as perguntas, pode levar a Jaque para o quarto? — A noite estava fria, típica do inverno, e Clarice sentiu o vento gelado atravessar sua pele. Ela apertou o casaco contra o corpo, tentando se proteger. Os olhos de Simão desceram até o casaco dela, e ele levanto
Simão achava que Clarice, com certeza, tinha medo de dizer algo errado e acabar irritando o homem. Por isso, para se proteger, era melhor manter distância. — Fala logo o que você quer! — Sterling estava de péssimo humor por ter sido acordado no meio da noite. — Ouvi dizer que você já está morando com sua nova namorada. — Simão repetiu casualmente o que Clarice havia dito, como se não tivesse importância. — E daí? A família Baptista está prestes a desmoronar, e você não tem nada melhor para fazer além de fofocar? — Sterling deu uma risada fria, e sua voz gelada soava ainda mais ameaçadora no silêncio da noite. — Isso foi o que sua ex-mulher disse, não tem nada a ver comigo! — Simão se defendeu rapidamente. Se ele tivesse inventado aquilo, Sterling jamais o perdoaria. — Clarice disse isso pra você? Desde quando vocês dois estão tão próximos? — Sterling estreitou os olhos, desconfiado. Depois do divórcio, qualquer homem poderia ser um possível rival aos olhos dele. — Ela me de
— Já falei tudo o que precisava. Cuide-se! — Sterling disse antes de encerrar a ligação. Ele só podia aconselhar até aquele ponto. O resto ficava por conta de Simão, que precisava entender sozinho o que fazer. Sterling não podia tomar decisões por ele. Ao colocar o celular de lado, ele percebeu que o sono tinha ido embora completamente. As palavras de Simão ainda ecoavam em sua mente. Clarice, aquela mulher, estaria bem sem ele? Sterling balançou a cabeça, tentando afastar a imagem dela de seus pensamentos. Mas quanto mais ele tentava esquecer, mais vívida Clarice se tornava em sua mente. Uma irritação inexplicável tomou conta dele. Incapaz de continuar na cama, ele se levantou, vestiu um casaco e foi até ao escritório. Nos últimos tempos, o relacionamento estremecido com Clarice tinha afetado diretamente sua produtividade. O trabalho se acumulava. Já que não conseguia dormir, decidiu colocar as pendências em dia. Ao abrir a porta do escritório, seus olhos caíram imediata
Teresa observou as costas dele enquanto descia as escadas, e seus olhos brilharam com um toque de cálculo. Ela rapidamente o seguiu. No meio da descida, ela fingiu tropeçar e, de propósito, escorregou, rolando escada abaixo. Instintivamente, ela protegeu a cabeça com as mãos e gritou: — Sterling, me ajuda! Sterling se virou ao ouvir o grito e, ao ver o corpo dela caindo, deu um passo à frente para impedir a queda. O corpo de Teresa foi interrompido pela perna dele, parando de rolar. — Sterling, está doendo! — Teresa agarrou a perna dele, a voz embargada de choro. Sterling franziu a testa e se abaixou para pegá-la nos braços. A testa de Teresa estava machucada, com um pequeno corte que começava a sangrar. Sterling permaneceu em silêncio, e seu olhar profundo fez Teresa sentir-se inquieta. Ela não sabia o que ele estava pensando e não ousava dizer nada. Apenas deixou as lágrimas escorrerem, parecendo frágil e sofrida. Sterling apertou os lábios e perguntou: — Como voc
— Claro que não! Eu sempre torci para vocês ficarem bem juntos! — Teresa respondeu apressada, balançando as mãos em negação. Na verdade, ela mal podia esperar que os dois se divorciassem logo. Como poderia desejar o contrário? — Na última vez que estive em Cidade F a trabalho, você mexeu no meu celular? — Sterling perguntou em um tom calmo, como se estivesse falando sobre algo trivial. Teresa não esperava aquela pergunta repentina. Seu corpo inteiro ficou tenso, completamente despreparado. — Por que você mexeu no meu celular? — O rosto de Sterling ficou mais frio, e o tom de sua voz ganhou um peso ameaçador. Sterling nunca permitia que ninguém mexesse no celular dele, nem mesmo Clarice, sua esposa legítima. Para ele, o que Teresa havia feito era inadmissível e ultrapassava todos os limites. Teresa sentiu o coração acelerar, e, quando tentou falar, sua voz saiu trêmula: — Sterling, eu posso explicar! — Fala! — Apenas uma palavra saiu da boca de Sterling, carregada de fri
— O quê? — Sterling franziu levemente a testa. — As tendências na internet já foram controladas, e o vídeo foi enviado para o seu e-mail. — Disse Isaac em tom baixo. Sterling respondeu com um breve "certo", sem demonstrar qualquer reação significativa, como se Isaac estivesse falando de algo trivial, e não de uma possível crise. — Vou voltar ao trabalho então. — Isaac hesitou por um momento, tentando decifrar o que Sterling estava sentindo. Estaria ele irritado? Talvez furioso? Mas, incapaz de entender, decidiu não perder tempo tentando adivinhar. Era melhor focar no trabalho. — Descobriram o IP de quem divulgou o vídeo? — Sterling perguntou de repente, uma ideia surgindo em sua mente. Na noite anterior, Clarice havia comentado com Simão que ele estava morando com Teresa. Agora, pela manhã, um escândalo envolvendo Teresa aparecia online. Isso era coincidência ou algo planejado? — O IP é de outro país. — Respondeu Isaac, fazendo uma pausa antes de continuar. — Chefe, outra c
Sterling apertou levemente os lábios. — Então, vou procurar. O número de e-mails acumulados era enorme, e ele mal conseguia acompanhar tudo. — Tem mais alguma coisa? — Isaac perguntou, hesitante. — Pode sair. Se eu precisar de algo, eu te chamo. — Respondeu Sterling, enquanto continuava a vasculhar a caixa de entrada. Por um impulso inexplicável, seus olhos pousaram em um e-mail enviado por alguém com o nome de usuário “Vício”. Talvez o nome incomum tenha chamado sua atenção. O que ele não imaginava era que aquele e-mail traria uma enxurrada de acusações contra Teresa, revelando uma lista detalhada de supostos crimes dela. Depois de ler, Sterling apagou o e-mail e saiu do aplicativo de e-mail. — Quem é esse Vício? — Ele pensou, intrigado. A pessoa parecia saber tudo sobre Teresa, como se a conhecesse profundamente. Se o conteúdo do e-mail fosse verdadeiro, Sterling teria que encarar uma dura realidade: todas as coisas que ele havia dito e feito contra Clarice nos últi
Do outro lado da linha, houve um longo silêncio antes que a voz grave de Túlio soasse: — Isso é algo que eu não posso fazer por você. Mesmo que ele implorasse para Clarice voltar, não havia garantia de que ela mudaria de ideia. Mais importante ainda, se Sterling não fosse verdadeiramente dedicado a Clarice, seria melhor deixá-la viver a própria vida. Isso seria o mais justo para ela. — Ela não sempre fez tudo o que o senhor pediu? Se o senhor mandar, ela com certeza volta! Assim como há três anos, quando o senhor me obrigou a casar com ela, também pode obrigá-la a casar comigo de novo! — O tom de Sterling era quase infantil, como se tudo pudesse ser resolvido com uma simples palavra de Túlio. — Ela viveu com você por três anos. Se não tivesse perdido completamente as esperanças, teria pedido o divórcio? — Túlio soltou um resmungo frio. — Agora que conseguiu finalmente se divorciar, acha mesmo que ela vai voltar? Sterling havia procurado Túlio em busca de apoio, mas em vez d