— Basta usar o pincel assim e você verá como as árvores ganham vida. Sua vez — me explicou Celina, diante da tela cheia de cores com uma paisagem de arvore que eu tentava pintar.
Eu dei batidinhas rápidas com o pincel com o verde-claro e a árvore pareceu ganhar vida. Fiquei radiante.
— Celina, deu certo! Deu certo!
Eu adorava esse momento com ela. Sempre que o papai saía, a gente corria para o quarto dela para pintar. Celina escondia tudo na outra sala do quarto, onde só a gente entrava. Papai nunca ia lá, e mesmo que fosse, não ia notar os desenhos que a gente deixava na parede da antessala. O quarto dela era enorme, com um lustre gigante e móveis bonitos, mas o que eu mais gostava era esse cantinho escondido, onde parecia que só existia a gente duas.
— Será que papai me deixaria ter essas coisas de pintura que você tem?— perguntei à Celina.
— Hum… podemos tentar falar com ele. Mas até lá pode usar meus pincéis e tintas.
— Ah, obrigada