Celina seria massacrada naquela festa. Eu sabia que ela era inteligente, mas, como minha babá, jamais seria vista como igual por aquelas mulheres da alta sociedade. Elas a devorariam com sorrisos falsos, olhares refinados e indiretas angustiantes.
Já tinha visto isso acontecer antes: com Lívia. Minha esposa nunca pertenceu ao nosso círculo, e por mais que tentasse, sempre a trataram com condescendência. Comentários sutis, risadas contidas, olhares que a mediam como se nunca fossem suficientes. Eu sabia o peso disso. Eu vi o brilho nos olhos dela se apagar aos poucos. Não deixaria que acontecesse de novo.
Peguei o celular, deslizei o dedo até a agenda e, com um clique, fiz a chamada. Do outro lado da linha, a voz de Madalena atendeu.
— Senhor Gabriel, como posso ajudá-lo?
— Sei que está tarde, Madalena. Mas preciso de um vestido. E é para amanhã, no máximo até as dezessete horas.
— Ora, Senhor Gabriel! Nunca é tarde para o senhor!
— Excelente! Qu