Dei um passo para trás, sentindo como se o chão tivesse sumido sob meus pés.
— Senhor Gabriel?— Senhor Gabriel? — o médico me chamou, buscando me tirar de meus pensamentos.
— Posso vê-la? — cortei, a voz mais dura do que eu pretendia.
— Claro. Vou prescrever uma hidratação e repouso.
Agradeci com um aceno de cabeça e fui até o quarto onde Celina estava. Ela estava sentada na cama, o rosto ainda pálido.
Dez anos. Foi exatamente o tempo que tinha passado desde que Lívia doou um rim. Eu sabia que ela tinha feito isso por uma amiga, a Lina. Só então que me dei conta: Ce-Lina.
O que estava acontecendo? Minha cabeça era incapaz de formular qualquer teoria.
Entrei no quarto e todos os meus dedos tremiam. Assim que me aproximei dela, só consegui dizer:
— Dez anos.
Celina piscou, confusa.
— O quê?
— Você tem um transplante de rim há dez anos. — Minha voz soava mais pesada.
Celina desviou o olhar, mexendo no lençol como se quisesse se esconder. Ela ainda estava visivelmente pálida, o rosto