O quarto era maior do que eu esperava, mas ainda assim não parecia suficiente para acomodar tanto desconforto não dito. Duas camas, uma de casal e uma de solteiro, dividiam o espaço com um banheiro minúsculo e uma poltrona que parecia mais decorativa do que funcional.
O ambiente estava pesado. Eu estava irritado pois esse dia não saia não saía nada certo, ainda mais com a tempestade lá fora, cujos ventos faziam as janelas tremerem com a força do vendaval.
Sofia foi a primeira a quebrar o silêncio que dominava o ambiente. Seu entusiasmo, embora deslocado pela situação, trouxe uma leveza que contrastava com o clima denso. Ela pulou na direção da cama, sorrindo, sem perceber o peso do momento.
— Vamos dormir aqui hoje, papai? — ela perguntou, com um brilho nos olhos, já correndo para testar a cama de solteiro, como se o desconforto da tempestade fosse apenas uma brincadeira.
— Com sorte, não — respondi, aproximando-me.
— Ah, papai. Tomara que sim