— Papai!
  Sofia entrou correndo no quarto e se atirou no colo de Gabriel, soluçando.
  — Eu tive um pesadelo…
  Fiquei parada, observando enquanto ele a abraçava, murmurando palavras tranquilizadoras. Mas a menina ainda tremia, os dedinhos agarrados à camisa do pai.
  No colo de Gabriel, Sofia me estendeu a mão e me puxou para sentar com eles.
  — Por favor, Celina. Fica aqui comigo e com o papai.
  Sofia apertava minha mão com força, mas seus olhinhos estavam fixos no pai, ainda agarrada a ele como se temesse que, se soltasse, ele também desaparecesse.
  — Eu estou aqui, minha estrelinha — murmurou Gabriel, a voz carregada de uma ternura silenciosa.
  — Promete que não vai me deixar, papai? — a pergunta saiu de Sofia quase como um sussurro, mas soou tão forte no silêncio do escritório que fez meu coração apertar.
  Eu vi o corpo de Gabriel se retrair. Seus ombros se endureceram, e ele ficou hesitante, como se aquela simples promessa fosse mais pesada do que qualquer outra coisa.