Um dia, entre um expediente e outro, Rafael entrou na loja com um brilho nos olhos que Valentina já conhecia bem.
Era o brilho do perigo. O brilho das ideias mirabolantes que sempre acabavam em confusão, gargalhadas... ou as duas coisas.
— Valen, tive uma ideia.
Ela olhou por cima dos óculos, largando o catálogo de estampas com um suspiro teatral.
— Lá vem, meu inventor de moda duvidosa.
— Vamos abrir uma segunda loja!
Valentina soltou uma risada nervosa.
— Você ficou maluco?
— Totalmente — ele respondeu, com aquele sorriso safado que derretia qualquer resistência. — Mas escuta: a gente criou algo aqui que vai além de camisetas. É sentimento, é conexão, é verdade. As pessoas não querem só comprar, elas querem viver. E a gente pode levar esse caos organizado pra outros cantos. Espalhar mais bagunça pelo mundo!
Ela franziu o cenho, cruzando os braços.
Amava aquela vida de rotina torta. A loja, o Bruce babando no balcão, o Conde de Meow dormindo em cima dos pedidos.
Era o caos com cheiro