Lorenzo Narrando...
  O silêncio do escritório me cercou feito um muro. Só o ruído distante dos carros lá embaixo e o leve zumbido do ar-condicionado quebravam aquele vazio.
  “Ela estava abalada.”
  As palavras do Theodor continuavam girando na minha cabeça, como uma sirene que eu não conseguia desligar.
  Passei a mão pelo queixo, respirei fundo e tentei me convencer de que aquilo não era problema meu. Que eu não tinha obrigação alguma de me envolver. Que não havia laços, apenas um contrato — e uma convivência que, no máximo, beirava a civilidade.
  Mas tinha algo errado.
  Helena podia ser orgulhosa, podia tentar parecer forte, mas o tom com que ele falou... não era algo simples.
  Peguei o celular de novo. Olhei para a tela por alguns segundos, indeciso. O nome “Clínica Saint George” já estava salvo.
  Minhas mãos hesitaram por um instante antes de discar.
  — Clínica Saint George, bom dia. — A voz da atendente veio calma, profissional. — Em que posso ajudar?
  Apertei o celular c