Lorenzo Narrando...
Por um instante, ninguém se moveu.
Nicolle parada à frente da porta, o olhar faiscando de raiva e orgulho ferido; Gabriel, com aquela expressão mista de culpa e tédio, como se quisesse estar em qualquer outro lugar do mundo. E eu, no meio, tentando manter o controle — como sempre.
Pisquei uma vez, respirei fundo e falei com firmeza:
— Gabriel, deixa a gente a sós.
Ele ergueu uma sobrancelha, o canto da boca se curvando num meio sorriso debochado.
— Com o maior prazer.
Passou por Nicolle devagar, quase roçando o ombro nela de propósito, e saiu, fechando a porta atrás de si. O clique metálico ecoou no silêncio.
Fiquei apenas olhando pra ela por um momento.
Ela cruzou os braços, os olhos ainda molhados, mas o queixo erguido.
— Vai me explicar ou vai continuar me olhando como se eu fosse um problema a resolver?
Dei um passo à frente, mantendo a voz baixa.
— Você ouviu, Nicolle. Ouviu tudo.
— Ouvi parte — rebateu. — E quero ouvir o resto da sua