Lorenzo Narrando...
A coletiva terminou com os últimos flashes estourando diante do palco.
O som dos microfones sendo recolhidos, o burburinho dos jornalistas e o tilintar das taças formavam uma espécie de ruído branco, abafado, controlado — do jeito que eu gosto.
Helena ainda mantinha o sorriso sereno, a postura ereta, mesmo depois de meia hora sob os holofotes. Impressionante como ela consegue sustentar a aparência de calma. Nem mesmo quando Heitor anunciou publicamente o casamento, ela vacilou.
Mas eu percebi o leve tremor nas mãos dela quando os fotógrafos se aproximaram demais.
Olhei de lado.
— Fique um minuto com o meu pai — pedi, num tom firme, baixo. — Eu já volto.
Ela apenas assentiu.
— Claro.
Heitor já a envolvia em mais uma conversa sobre “a nova geração dos Vasconcellos”. E eu aproveitei o momento pra descer do palco.
O ar do salão ainda estava carregado de perfume, champanhe e disfarces. Eu precisava respirar. E, acima de tudo, resolver o que vinha martelando n