Lorenzo narrando...
 Exatamente o contrário do que eu esperava.
 Era isso que martelava na minha mente, enquanto observava a forma como meu pai reagia a Helena. Eu havia passado o caminho inteiro até a mansão imaginando a cena: Heitor Vasconcellos estreitando os olhos, examinando cada detalhe, puto por eu ter trazido uma faxineira pro nosso meio. Eu tinha certeza de que a primeira pergunta dele seria sobre sobrenomes, tradição. Certeza de que ele a desmontaria em segundos, e acabaria com essa ideia louca de casamento.
 Mas não.
 O homem que eu chamo de pai — esse mesmo que nunca elogiou ninguém, nem mesmo a mim, nem mesmo quando atingi metas que pareciam impossíveis — agora se mostrava... receptivo. Não só isso, se mostrou satisfeito. Surpreso positivamente.
  Eu precisei respirar fundo para conter o impulso de estreitar os olhos e perguntar se aquilo era algum tipo de jogo sujo. Porque tudo nele parecia autêntico. O olhar avaliador, sim, esse eu conheço bem. Mas havia no fundo uma so