Helena narrando...

A porta dupla da mansão se abriu com um ranger suave, revelando um interior que parecia mais um cenário de filme do que uma casa. O chão de mármore polido refletia a luz dourada de um enorme lustre de cristal, que pendia no alto do teto abobadado. O ar era perfumado por algo discreto e caro, talvez flores recém-arrumadas em vasos de prata que se alinhavam pelas laterais do hall. Tudo exalava poder, tradição e uma riqueza tão absurda que me fez sentir ainda menor dentro do vestido dourado.

Eu respirei fundo, tentando manter a postura, enquanto o som dos nossos passos ecoava pelo espaço. Lorenzo caminhava ao meu lado, firme. Eu, por dentro, tremia. E então, a figura que eu sabia que encontraria surgiu no topo da escada curva.

Heitor Vasconcellos.

Ele descia os degraus devagar. O terno cinza claro caía impecável em seus ombros largos, o cabelo grisalho penteado para trás realçava o seu rosto sério, marcado pelo tempo, mas ainda imponente. Os olhos — os mesmos d