Helena narrando...
  O carro parou diante do hospital particular, e por um instante fiquei apenas olhando pela janela, era diferente de qualquer hospital público que eu conhecia, onde o cheiro de desinfetante barato e a superlotação sufocavam qualquer esperança. Aqui, tudo é silencioso demais, organizado demais, quase como se a dor fosse escondida atrás de cortinas de luxo.
  Theodor abriu a porta para mim, e eu saí do carro. Segui pelos corredores impecáveis do hospital, guiada por uma recepcionista que, ao ouvir " meu sobrenome " , me tratou como se eu fosse alguém importante. Eu ainda não me acostumei com isso. Cada vez que diziam “senhora Vasconcellos”, um arrepio percorre meu corpo. É como se estivessem falando de outra pessoa, não de mim.
  Subimos de elevador até o andar onde minha mãe estava internada. Antes de seguirmos para o quarto, uma enfermeira me deu uma roupa apropriada para entrar na UTI, então eu me vesti rapidamente, por cima do vestido que eu estava mesmo e segui.