Lorenzo narrando...

A noite não foi generosa comigo. Dormi, sim, mas foi aquele tipo de sono que não descansa, que mantém a mente em alerta, e os pensamentos circulando. Acordei várias vezes, olhei para o teto, ouvi o silêncio pesado da cobertura e só me convenci de levantar quando o primeiro sinal da manhã começou a clarear o céu além das cortinas.

Levantei antes do despertador. O corpo pedia mais algumas horas de descanso, mas a disciplina falou mais alto. Coloquei uma roupa e fui fazer o que mais me relaxa de manhã. CORRER.

Por alguns instantes, eu consegui não pensar em nada, apenas no movimento. Mas logo Helena invadiu meus pensamentos. Não porque eu queria, mas porque o jantar de hoje à noite com meu pai era inevitável.

Como ela vai se portar diante de Heitor Vasconcellos? A imagem dela no quarto, com aquele pijama simples, voltou à minha mente. Não tinha brilho, não tinha presença, não tinha absolutamente nada que a associasse ao sobrenome que agora ela carregava como fa