Eu a observei correr para a chuva sem hesitar, seus movimentos tão naturais quanto a própria tempestade. O som das gotas batendo no asfalto parecia ecoar dentro de mim, em um ritmo que eu não conseguia controlar. Olivia era… diferente. Algo nela me fazia sentir que o controle que eu sempre prezara estava escapando por entre meus dedos.
Ela girava sob a chuva como se fosse o lugar ao qual sempre pertencera, e eu a observava, imóvel, como se estivesse preso a algo que não entendia. Quando ela me chamou com aquele tom desafiador, minha garganta se apertou.
— Vai ficar aí? — ela perguntou, rindo, enquanto os fios molhados de seu cabelo emolduravam seu rosto.
Eu queria dizer que sim, que era melhor manter a distância. Mas, antes que pudesse me conter, saí do carro. A chuva me atingiu em cheio, fria, e cada gota parecia levar embora a segurança do que eu conhecia.
— Isso é irracional — murmurei, mais para mim do que para ela.
Ela riu de novo, como se minha resistência fosse um jogo.
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