O silêncio entre mim e Olívia era peculiar. Não desconfortável, mas carregado de uma tensão que não conseguia nomear. Ela continuava com o olhar fixo na fonte, os dedos cruzados no colo, como se a dança das águas fosse a única coisa capaz de prender sua atenção. Por outro lado, meus olhos alternavam entre ela e o pôr-do-sol que coloria o céu com tons de laranja e dourado. Era uma cena calma, mas cheia de algo inominável.
Finalmente, ela quebrou o silêncio, sua voz saindo suave, mas determinada:
— Acho que já resolvemos tudo por hoje.
Ergui uma sobrancelha e deixei um sorriso de canto surgir.
— Está me expulsando, Montenegro?
Ela virou-se para mim, mas desviou o olhar rapidamente. O rubor em suas bochechas denunciava algo que talvez nem ela entendesse.
— Não… É que… — Sua voz hesitou, e ela pareceu se frustrar com a própria dificuldade de se explicar. Então, suspirou. — Quer saber? Fique o tempo que quiser.
Não consegui evitar a provocação.
— Você tem esse jeito de ser… interessante. A