Narração: Sara
Tia Eliane ajeitava o meu vestido como se pudesse ajeitar também o turbilhão que eu sentia por dentro.
— Vamos, você já está pronta. Todo mundo tá te esperando pra abrir a porta.
Mas eu não consegui dar um passo. Meu corpo travou.
— O que houve? — ela perguntou, olhando meu rosto pálido.
Eu mordi os lábios, tentando disfarçar.
— Tia… eu não tô bem, sério.
Ela veio até mim, os olhos já preocupados.
— Você tá amarela, Sara…
— Desde semana passada tô assim.
A minha voz saiu fraca, e eu sabia que ela já tinha percebido que tinha algo errado.
— Vamos pro hospital.
— Não posso, tia… o restaurante abre hoje…
— Mais importante que sua saúde? Não! Primeiro vamos cuidar de você.
Tentei insistir, mas outra onda de enjoo me fez curvar, apertando a barriga.
— Nossa… já quero vomitar de novo…
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No hospital, enquanto eu era examinada, tia Eliane andava de um lado pro outro, parecendo galinha perdida.
— Então, doutor, o que ela tem? — perguntou, como se eu não estivesse ali.
— Eu tô