Vinícius Vasconcelos
Ela me olhava com uma frieza que eu nunca vi antes. Nem quando ela brigava por ciúmes. Nem quando me pegava mexendo no celular disfarçadamente. Nem quando eu falava com aquelas idiotas do passado.
Era outro olhar. Um olhar de quem morreu por dentro.
Meu peito apertou. Eu sabia. Eu sabia que ela tinha descoberto. Só não sabia como, nem o que exatamente ela sabia. Mas... ela sabia. E isso bastava pra destruir tudo.
“Merda... merda... merda...”, pensei. Cada segundo com ela ali, encarando minha cara de idiota, era um chute no estômago. E eu continuei fingindo. Ainda tentei bancar o apaixonado, o romântico, o arrependido... mas já era. Eu tinha me enterrado.
Quando ela entrou no carro, eu tive que respirar fundo pra não desabar. Mas ela estava firme. Firme como nunca esteve. Mais firme do que eu já fui um dia.
Ela chorava... e eu? Eu tremia. Porque ali, naquele silêncio cruel, eu percebi: eu estava perdendo o amor da minha vida. E era culpa minha.
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Chegamos em casa