narração: Sara
4:00 da manhã.
A porta bateu e eu nem precisei olhar. Aquele perfume barato de balada cara entregava tudo.
— É você, marido?
— Sou eu, esposa.
E lá veio ele... com aquele jeitinho de quem acha que vai resolver tudo com beijo no pescoço. Idiota.
— Hoje não. Tô cansada.
Mentira. Eu tava era com raiva. E ele nem percebeu. Só de ouvir a voz mansa já me embrulhava o estômago.
— Como você quiser. Eu também tô. Foi muito chato hoje... Aqueles homens com aquelas conversas idiotas. Queria mesmo era estar com você. Mas, você sabe, meu pai gosta de tudo certinho...
Ah, claro. A desculpa do pai. O marmanjo de 28 anos que finge que é herdeiro de império, mas vive de mentira.
Ele foi pro banheiro. Eu murmurei:
— Miserável, infeliz, desgraçado... Você vai me pagar, marido. Ah, se vai!
Porque eu já sabia. Aquele papo de “cassino” cheirava a Fernanda, champanhe barato e sofá da área VIP.
— Esposa! Meu pai me ligou. Ele só vem mês que vem. Vou ter que ficar mais um mês cuidando do cassi