— Vou ajoelhar-me aqui e implorar ao senhor, e a família Oliveira também fará todo o possível para resolver este assunto por outros meios.
Vicente viu o contrato de casamento diante de mim e chegou a sorrir:
— Vânia, você está querendo implorar ao senhor para se casar comigo? Ele deve estar preocupado, por isso deixou você ajoelhada.
— Volte. Quando eu proteger Joana, naturalmente cumprirei o noivado com você.
— Não precisa mais se preocupar com esse assunto. — Ao dizer isso, ele virou a cabeça e olhou para mim com ternura, batendo levemente nas costas da minha mão.
Exatamente como quando éramos pequenos.
Talvez, nos anos em que crescemos juntos, ele também tenha gostado de mim.
Mas se não fosse pela vida passada, eu não saberia que quem ele realmente amava era a Joana.
Até que acabamos nos torturando mutuamente, sem ter um bom fim.
— Dos meus assuntos você também não precisa cuidar. — Afastei a mão dele.
Vicente franziu a testa, pegou o contrato de casamento diante de mim e quis olhar.
— Vânia, o que está dizendo? Desde pequenos, eu já não cuidei demais dos seus assuntos?
Sim, desde pequena eu e Vicente estávamos prometidos em casamento, e crescemos juntos.
Depois que minha mãe faleceu, eu passei a depender ainda mais dele.
Mas agora, despertei do sonho.
Apertei a mão dele e peguei de volta o contrato:
— Vicente, nós dois já crescemos. Desta vez, cada um terá o que deseja.
— O que está falando? O noivado já está decidido. Quem além de você poderia se casar comigo?
Virei a cabeça e olhei para ele em silêncio.
Nesta vida, se eu for embora, Vicente não morrerá naquela enchente.
Mesmo sabendo que o sonho da vida passada estava errado, a dependência e o amor que sinto por ele no meu coração ainda não podiam ser retirados de uma vez.
Finalmente, sob o calor, não consegui mais me sustentar e caí.
Antes de desmaiar, tive um breve vislumbre de Vicente segurando-me em seus braços.
Quando acordei novamente, senti o cheiro de desinfetante do hospital.
Vicente estava sentado ao lado, dormindo, com a mão apoiada na ponta do meu cobertor.
Fiquei olhando para ele, pensativa. Se não fosse pelas últimas palavras na vida passada, eu realmente acreditaria que ele também me amava.
Como se tivesse sentido algo, Vicente logo acordou, franziu a testa e disse:
— O que você fez? Eu disse para não ter tanta pressa, mas ainda assim se ajoelhou até ter insolação.
— Desde pequena sou fraca, você mesmo sabe disso.
— Vicente.
— Hm?
— Aquele parque de diversões a que íamos quando éramos crianças, lembra-se?
— Claro que lembro. Na primeira vez que você andou no carrossel, chorou. Só parou quando comprei doces para você.
Olhei para ele e sorri:
— Me leva lá mais uma vez, pode ser?
A expressão de Vicente mostrou desagrado:
— Que bobagem você está dizendo? Quando se casar comigo, poderá ir quantas vezes quiser.
Não teremos futuro juntos. Pensei em silêncio, mas não disse nada.
Quando Joana se casar com ele, certamente será uma grande surpresa.
— Então, vamos hoje à noite. Já estou quase recuperada.
— Está bem. Só desta vez. Depois, eu preciso resolver o casamento da sua família com a máfia do país H.
Vicente não ficou muito tempo, voltou para a empresa para resolver os assuntos e combinou comigo de nos encontrarmos na entrada do parque de diversões à noite.
Voltei ao apartamento para arrumar algumas coisas.
Desde que minha mãe morreu e meu pai trouxe a mãe de Joana para a casa antiga, eu me mudei.
Antes de Joana aparecer, Vicente me dava uma escultura de jade feita por ele em cada aniversário.
Os modelos eram variados: havia o cachorrinho que eu criei, buquês delicados, até mesmo um retrato meu com minha mãe.
Ele esculpiu até o meu aniversário de dezoito anos, quando Joana voltou.
A partir daí, Vicente só esculpia jade para ela; para mim, mandava o assistente comprar qualquer presente.
Coloquei no peito a escultura de jade com uma foto minha e da minha mãe, e enviei todas as outras.
Depois de tudo pronto, fiquei no local combinado, esperando por Vicente.
As luzes do parque de diversões se apagaram, mas ele não apareceu.
No meu celular, não tinha sequer uma mensagem ou ligação dele.
Começou a chover. Eu não tinha guarda-chuva, nem motorista veio me buscar.
A chuva molhou minhas roupas e cabelos, e eu me lembrei da enchente da vida passada.
Meu coração doeu outra vez.
Olhei pela última vez para o parque de diversões atrás de mim — o lugar onde eu e Vicente tivemos momentos felizes.
Adeus, Vicente. Que nesta vida nunca mais nos encontremos. Que você seja feliz e viva muitos anos.
Antes que eu pudesse me virar, um golpe atingiu minha costa.