Adam abriu a boca, prestes a dizer algo. Havia uma urgência crua em seus olhos, uma verdade empurrando por trás dos lábios, como se cada segundo de silêncio custasse mais que o próximo fôlego. Ele sabia. Sempre soube que esse momento chegaria e agora não havia mais como adiar.

— Você está certa... — disse, a voz embargada. — Eu te devo uma explicação.

Elisa o encarava sem piscar. O coração golpeava dentro do peito como se anunciasse, aos gritos, que finalmente teria a resposta que esperou por anos, noites insones, invernos intermináveis. Seus olhos suplicavam sem pedir. Estavam abertos, fixos, mas havia uma fragilidade contida em cada piscada reprimida.

E então, a porta se abriu.

O barulho discreto foi um rompimento.

Uma mulher entrou. Alta, elegante, a postura erguida como se o mundo estivesse sob seus pés. Vestia um vestido escuro, justo, de corte sóbrio. Os cabelos castanhos presos num coque milimetricamente estruturado, o batom vermelho marcando a precisão dos lábios. Ca