05 - Mary Pape

Mary Pape

Meu corpo está doendo, do topo da cabeça até a sola do pé. Sinto um desconforto enorme no meu peito, forçando que se expanda e contraia conforme a sua vontade. Não consigo abrir os olhos, os sinto com um peso enorme forçando que me mantenha de olhos fechados.

Porém, podia ouvir e sentir o toque de outras pessoas no meu corpo, ouvia a conversa de todos eles ao meu redor, sabia que o natal já havia passado e que eles estavam se programando para o ano novo essa noite.

Por suas conversas, sábia que um tal de Andreollo e Gagnon estavam patrocinando a diversão deles para essa noite, estava achando divertido o entusiasmo que todos estavam essa noite, mas queria saber sobre o Ravi, elas normalmente sempre falam sobre meu pequeno.

“Ele é um médico bonito, mas sei lá…” — Uma delas dizia.

“Veja como ela chegou, talvez encontre paz agora, ainda mais se aceitar a segurança que pode receber” — Estranhamente elas hoje resolveram falar em códigos.

De alguma forma sei que Ravi estava sendo bem cuidado, ainda mais quando ouvi aquela voz suave ao meu lado.

“Cuidarei bem do Ravi, preciso apenas que se recupere para voltar para o seu pequeno” — Era uma voz sem rosto, mas de alguma forma conseguia imaginar o homem que apareceu na minha frente quando chamei pelo Ravi.

Naquele momento a minha preocupação estava apenas no meu anjinho, que não tinha ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Que sua mãe estava sofrendo as consequências por péssimas escolhas.

Não fazia ideia de quanto tempo já havia se passado, ou como realmente estava, apenas sabia que estava ainda cheia de hematomas e com um gesso na perna esquerda.

Sentia que o peso desse sono começava a diminuir, minhas pálpebras tremulavam com a movimentação ao meu redor, de alguma forma sabia que algo estava para acontecer. Todas estavam mais próximos de mim.

“Abra os olhos” — Ouvia um comando e um leve peso nas minhas pernas. — “Cuidado pequeno…”

O sorriso do Ravi se torna a coisa mais importante, forço os olhos e peço ajuda por tudo que é sagrado para que possa ver o meu menino.

— Mamãe… — A voz do Ravi é tudo o que precisava.

Alguém que estava ao meu lado, uma ânsia de vômito me toma e tento virar de lado para poder vomitar. Aparece um balde próximo a minha boca, felizmente nada sai. Minha respiração estava fraca, mesmo assim conseguia respirar com dificuldade, mas sozinha.

Vários médicos estavam em cima de mim, verificando algumas coisas, metade das coisas que eles falavam não fazia sentido algum a mim, apenas tentava tocar no meu menino.

Ele estava usando um macacão do Sullivan o personagem azul de monstro S.A. De alguma forma acho que ele conseguiu dizer que é seu filme preferido.

— Não se preocupe com ele, fiz o melhor que pude para que Ravi não percebesse nada! — Consigo olhar para o mesmo homem que vi antes de dormir naquela mesa de cirurgia.

Meus olhos ainda estavam um pouco turvo, talvez ainda o efeito da medicação para me manter dormindo e uma sede que estava arranhado a minha garganta.

— Que tal nos falar o seu nome, não encontramos nenhum documento seu… — O homem de óculos e olhos azuis perguntou com o Ravi no colo.

— Mary… — Digo com a garganta seca.

Por um instante deixo que meus olhos se fechem e sinto que todos começam a cuidar de mim. Quando abro os olhos, meu bebê estava sentado nos ombros do médico que lia alguma coisa em um prontuário.

Várias mulheres tentavam se aproximar do homem que cuidou do meu filho e por algum motivo isso me irritou. Não pelo médico charmoso que estava com o meu filho em seus ombros, mas porque aquelas oferecidas estavam tentando se aproximar do meu filho para chegar até o homem.

Finalmente estava livre de todos aqueles dispositivos, via que o gesso no pé vinha até o joelho, uma das enfermeiras havia me explicado o que aconteceu comigo. Para reparar o meu figado a cirurgia foi extensa e cheia de detalhes, a recuperação seria lenta e precisaria de muito repouso.

Quase uma hora depois, uma das diversas enfermeiras que cuidou de mim estava com uma bandeja com mingau e gelatina.

— Fique feliz em ter apenas isso! — Ela me diz rindo enquanto faço uma careta para o que tinha ali.

— Nunca fui adepta de mingau. — Digo um pouco mais divertida. — Sabe me dizer se meu bebê continua por aqui?

A enfermeira sorri e apenas confirma com a cabeça e sinto uma alegria enorme em saber que verei meu bebê novamente.

— Quanto tempo estou inconsciente? — Pergunto ao notar as imagens na TV da Times Square olhando para a grande bola iluminada.

— Sua entrada no hospital foi dia 24, falta um pouco menos de três horas para o ano novo. — Céus fiquei sete dias apagada e meu bebê com um estranho.

Termino a refeição que ela havia me trago e sorri para mim de modo amável. Estranho um pouco, não estou acostumado com pessoas sendo assim amável.

Amável adjetivo de dois gêneros:

Aquele que demonstra delicadeza, cortesia, afável, lisonjeiro, simpático.

Aquele que merece afeto, amor, digno de ser amado.

Sabia decorados a definição de amável, já que era uma coisa que não conhecia. Pelo menos não pelas mãos do Donald.

Meus pensamentos estavam voltados para o que farei agora, Ravi não pode ficar com um desconhecido, ainda mais que tenho que me afastar o máximo possível para não ter o Donald me perseguindo. Não aceito ter que dividir o meu bebê com aquele lunático. Meus pensamentos estavam na TV e não percebi a entrada de meu monstrinho S.A.

— Oi! — Olho em direção à entrada do meu cubículo e aquele homem estava lá com um olhar protetor no meu filho.

— Oi! — Digo sorrindo, agradecida por cuidar dele.

— Deve estar cheia de perguntas não é? — Confirmo com a cabeça e seguro na mãozinha do meu menino que de alguma forma puxou a escadinha.

— Sim, vária… — Digo tentando ajudar Ravi a subir.

Mas sinto a mão do desconhecido sobre a minha, ele pega o Ravi do chão e o coloca sobre a cama com um olhar protetor sobre ele.

— Imagino que seus atos desesperados foi para mantê-lo protegido! — Ele toca na bochecha rosada do meu menino.

— Não imagina o quanto estava desesperada. — Digo olhando para aqueles olhos azuis que me sondavam.

— Não sei o que pretendia quando fez a sua entrada no saguão do hospital, mas queria pedir que deixasse que ele ficasse na minha casa até que se recupere. — Ele fala de uma forma tranquila, mas algo me chama atenção.

— Não sei o seu nome! — Falo sentindo o cheirinho do meu bebê.

Olhei para cada parte dele e via o quanto ele estava bem cuidado, provavelmente a esposa dele esteja fazendo essa caridade, ou sei lá. O que importa é que ele está seguro.

— Perdão nem me apresentei eu sou… — Mas Ravi sai do meu colo e pula no pescoço do homem na minha frente.

— Papai, papai, papai. — Começo a rir do jeito que meu filho o trata.

— Já deve ter descoberto sobre a forma que ele fala. — fico curiosa.

— Sim, na verdade, quando soube meu ego que ficou inflado murchou! — Ele começa a gargalhar. — Mas me chamo Renan Andreollo, sou anestesista do hospital.

O sorriso dele, me deixou envergonhada, fazia tanto tempo que tinha uma conversa leve com outro homem, atualmente minhas conversas masculinas se baseiam apenas em agressões verbais e físicas.

— Acredito ser melhor que ele esteja com você, em vez de algum abrigo sozinho com desconhecidos. — Toco na perninha do meu menino.

Constatei o quanto Ravi se afeiçoou ao Renan e acredito que não seria certo o afastar, pelo menos via meu filho bem cuidado e feliz.

— Tudo bem, até que me recupere e possa sair da cidade com ele. — Observo-o franzir a sobrancelha, um tanto irritado.

Me surpreendo ao ver o rosto de Renan, pelo visto, ele não gostou muito do que falei, mas tera que viver com isso, é a segurança pelo meu filho.

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