NICOLE
.
.
Eu não conseguia parar de olhar para meu pai enquanto ele dava um passo hesitante em minha direção. Era como se o tempo tivesse congelado, e todos os momentos de dor e mágoa que vivi desde a nossa última conversa voltassem como um filme, mas desta vez com uma nova perspectiva.
Seus olhos estavam marejados, e ele parecia menor, mais frágil do que eu me lembrava.
— Minha filha…
Ele começou, a voz rouca e trêmula.
— Eu… eu não sei por onde começar.
Sua hesitação me atingiu em cheio. Durante tantos meses, sonhei com esse momento, imaginei o que ele diria, o que eu diria, mas diante dele, eu só conseguia ficar em silêncio, tentando absorver tudo.
Ele respirou fundo, como se precisasse reunir todas as forças que tinha.
— Eu errei com você, Nicole. Errei de tantas maneiras que nem sei se tenho o direito de pedir perdão.
As lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos, silenciosas, mas pesadas. Ele continuou:
— Eu cresci em uma família dura, filha. Me ensinaram que o mundo é pre