Capítulo 3
— Esse colar... assim que vi, pensei em você. Combina tanto com o seu jeito. — Disse Jack, enquanto prendia o pingente delicadamente no meu pescoço. — E aí, gostou?

— Já pedi pro motorista nos levar ao teleférico panorâmico. Vamos assistir ao nascer do sol lá de cima, juntos. Um jeito especial de começar nosso aniversário de sete anos. — Completou, com um sorriso.

No caminho, Jack não parava de puxar assunto.

— Lúcia, quando essa fase agitada passar, a gente podia fazer aquela viagem pra ilha. E pensar com calma em ter um bebê. Já imagino a gente escolhendo as cores do quartinho...

Mal ele terminou a frase, o celular vibrou. Jack olhou a tela, hesitou, depois me lançou um olhar aflito.

— Vai lá, tá tudo bem. Eu te espero lá no topo. — Falei, mesmo já sabendo quem era, só de ver a expressão no rosto dele.

Ao chegar ao restaurante na montanha, o cenário estava todo pronto: espumante gelado, doces finos, tudo decorado com perfeição.

Sem muito o que fazer, peguei o celular e abri as redes sociais. Uma nova postagem da Rosa apareceu na tela.

Uma foto cuidadosamente montada: a medalha de terapeuta-chefe, uma sobremesa elegante e um enorme buquê de rosas.

A legenda dizia: "Nada disso seria possível sem você. Obrigada por estar ao meu lado em cada passo. Hoje, me sinto incrivelmente feliz."

Nos comentários, choveram elogios:

"Ai, que inveja boa!"

"Seu marido é perfeito!"

"Você tem tudo! É linda, talentosa e ainda super amada!"

Mas o que me prendeu foi algo discreto no canto da foto: uma mão masculina. E na mão, um anel — o par exato do que eu usava no meu anelar esquerdo.

Era a mão do Jack.

Liguei imediatamente para ele.

Do outro lado da linha, quem atendeu foi Rosa. A voz doce e afetada, mas cheia de veneno:

— Oi, mana. Ligando tão tarde assim pro Jack?

Fez uma pausa curta e então completou, com deboche:

— Esquece ele, tá? Hoje a noite é minha. Ele vai ficar comigo, afinal, se você não conseguiu segurar seu homem, a culpa não é minha, né? Hehe...

E caiu na risada.

— Uma mulher casada e ainda tem a cara de pau de seduzir o marido das outras. Você não tem vergonha na cara mesmo. — Desliguei na hora, fria como gelo.

Levantei o rosto para o céu. O brilho da aurora começava a despontar no horizonte. As estrelas já se apagavam, uma a uma.

— Podemos iniciar o teleférico. — Falei ao funcionário.

— Vai sozinha?

— Sim. Só eu.

A cabine começou a subir, deslizando suavemente em direção às nuvens.

Lá dentro, a luz era morna, acolhedora. A mesa coberta com uma toalha branca impecável. Champanhe gelada, velas acesas. Tudo silenciosamente à espera.

O vento sussurrava do lado de fora. Por dentro, só havia o eco das promessas dele:

“Lúcia, vou te fazer feliz.”

“Prometo te proteger sempre.”

“Você é a pessoa mais especial da minha vida.”

...

Palavras doces, gestos gentis, um cuidado que parecia eterno. No fim, tudo ruído. Tudo mentira. Um teatro nojento.

Antes do sol nascer, disquei para ele uma última vez. O celular estava desligado.

Sem hesitar, enviei para a plataforma da comunidade médica o relatório completo da fórmula, os vídeos em que testei o medicamento em mim mesma, e os áudios das nossas conversas — tudo programado para publicação automática.

Depois disso, destravei a porta da cabine, abri o mecanismo de segurança.

Desativei a ligação mental. Tomei o elixir de dissolução que consegui com uma feiticeira. Cortei o vínculo.

Fechei os olhos. E saltei. Ao fundo, o céu se tingia de dourado. Eu me lançava no vazio, em queda livre rumo ao abismo.

Ao mesmo tempo, do outro lado...

Rosa se aninhava no colo de Jack, olhando pra ele com os olhos cheios de charme.

— Fica mais um pouco... hoje eu também preciso de você. — Ela envolveu a cintura dele, tentando segurar ele.

— Rosa, hoje não dá. — Jack se levantou, com a expressão séria. — É o nosso aniversário. Prometi pra Lúcia que veríamos o nascer do sol juntos.

Nesse momento, um assistente do laboratório entrou correndo, esbaforido.

— Professor... aconteceu uma tragédia! A Sra. Lúcia... ela pulou do teleférico panorâmico!

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