Eu balancei a cabeça em concordância:— Isso é certo! Com seu sucesso e suas conquistas, com certeza os líderes da universidade vão te acompanhar pessoalmente.Ele sorriu, humilde:— Lidar com isso também é cansativo. Preferiria algo mais tranquilo.Eu não resisti e brinquei:— Esse é o tipo de problema que só os bem-sucedidos têm. Para nós, pessoas comuns, basta sentar entre os espectadores e aproveitar.Jean ficou visivelmente sem graça com o elogio. Ele abaixou a cabeça e sorriu de leve, mas logo mudou de assunto:— No dia da celebração, podemos ir juntos para a universidade.— O quê? Eu estava pensando em ir de metrô. Você vai mesmo comigo?Eu imaginei como seria o centenário da universidade: certamente um evento grandioso, com a área ao redor completamente congestionada. Sabendo disso, a escola provavelmente não permitiria a entrada de tantos carros, o que tornava o metrô a opção mais prática.Jean arqueou uma sobrancelha, com um leve tom de provocação.— Você vai toda arrumada e
Camila hesitou um pouco, mas sorriu de forma cautelosa:— Será que o preço total não pode ser um pouco mais baixo? A gente realmente não tem tanto dinheiro assim.Era exatamente como eu havia previsto.Enquanto dirigia, respondi com total tranquilidade:— Tia Camila, minha situação também não está fácil. Lá fora, eu devo trezentos milhões. Trezentos! Você acha que eu durmo? Que eu não fico ansioso? Todo dia cai cabelo meu. Olha só, passei o final de semana inteiro trabalhando. O estresse está acabando comigo, nem consigo pensar em descansar.Eu já tinha entendido tudo sobre a natureza humana e sobre os Mendes, essa família cheia de parentes interesseiros. Ser bonzinho com eles? Pra quê? Só me traz prejuízo. Eles pegam o que podem e ainda saem rindo de mim pelas costas, me chamando de idiota fácil de enganar.Então, agora, nem um passo para trás.Como esperado, tia Camila ficou sem palavras diante da minha choradeira:— É… eu sei que sua vida também não está fácil.— Pois é, tia. Se eu
— Kiara, Camila! Quem deu permissão para vocês transferirem essas ações? Essa empresa é o trabalho de uma vida inteira do Carlos! Vocês ficam passando de mão em mão até não sobrar nada. Isso é um absurdo! Quer ser presidente da empresa? Sonha! — Isabela entrou de repente, berrando como uma louca.Todos ficaram chocados.Tia Camila também ficou surpresa, mas logo se adiantou para tentar explicar:— Cunhada, meu irmão está preso. Como ele vai administrar a empresa? Eu já estou aqui há mais de dez anos. Ninguém conhece essa empresa melhor do que eu.— Que besteira! Camila, acha que eu não sei o que você está fazendo? Você está aproveitando a situação para roubar o que é do seu irmão!— Cunhada, isso não é justo. Eu paguei com dinheiro de verdade pelas ações! Como pode chamar isso de roubo?— Dinheiro de verdade? O Carlos trabalhou por essa empresa a vida inteira, e agora ele deve quase um bilhão só de multas fiscais. Ele está afundado em dívidas, e vocês aproveitaram para pegar tudo de gr
— Ah? — Eu fiquei surpresa e, mesmo pelo telefone, não consegui evitar que meu rosto ficasse vermelho de vergonha. Era impossível não imaginar a cena. Será que eu tinha atrapalhado ele no meio de algo tão… íntimo? Meu Deus! Pressionei uma mão contra o rosto, tentando parar as imagens que vinham à mente.— Você precisava de algo? — Jean, provavelmente também achando a situação constrangedora, mudou rapidamente de assunto.— Ah, sim! Preciso, sim. — Voltei à realidade, abaixei a mão e tentei soar o mais natural possível. — Eu queria pedir os dados da sua conta bancária. Quero te devolver parte do dinheiro. Setenta milhões.Jean pareceu surpreso:— De onde você tirou tanto dinheiro assim?— Eu vendi todas as minhas ações da empresa do meu pai. Consegui sessenta milhões com isso, e juntei com algumas economias minhas para chegar aos setenta milhões. — Expliquei.— Você não perdeu tempo.Eu ri, meio sem jeito:— Aquela empresa era um problema ambulante. Enquanto eu tivesse ações, sempre ter
— Tudo bem, pode ser. — Eu disse, já me preparando para desligar, mas, de repente, me veio uma ideia. — Então, amanhã no almoço… que tal comermos juntos?— Pode ser.Meu coração deu um salto de alegria, mas forcei a mim mesma a manter a calma:— Então, até amanhã.— Até amanhã.Assim que desliguei, não consegui conter um sorriso bobo no rosto. Fiquei assim por um bom tempo, até que o celular tocou novamente. Peguei para ver, e era uma mensagem do Jean, com os dados bancários. Respondi com um simples "ok" e, sem perder tempo, entrei no app do banco para fazer a transferência.Aquela sensação de euforia me acompanhou até o fim do expediente. Planejava trabalhar até mais tarde, mas o celular voltou a tocar justo quando eu me levantei para esticar as pernas. Olhei o visor: era o Davi. Depois de dias sem dar notícias, ele aparecia. Certamente era sobre o divórcio.— Alô.Davi, com um tom sério e pesado, perguntou:— Kiara, já saiu do trabalho?— O que foi? — Respondi friamente. Entre nós, n
A razão de eu ter usado "de novo" era porque, da última vez que ele apareceu no meu estúdio, também estava bêbado.Naquela ocasião, as coisas saíram do controle. Ele acabou com um corte profundo no joelho, feito por uma tesoura, e eu também não saí ilesa, com um ferimento no braço. Agora, parecia que ele tinha se esquecido da lição e, mais uma vez, vinha me procurar depois de encher a cara.— É… estou com o coração pesado. Beber ajuda a anestesiar um pouco. — Ele admitiu, balançando a cabeça, com um tom carregado de tristeza.Eu não senti nem um pingo de compaixão. Apenas comentei, sem emoção:— Você acabou de sair do hospital. Nem sabe se está completamente recuperado. Se quer morrer, pelo menos morra longe de mim.Enquanto falava, eu já havia destrancado a porta e estava prestes a entrar.— Kiara! — Davi avançou de repente, segurando a porta com força. Sua voz saiu carregada de emoção. — Kiara… você ainda se importa comigo, não é?Ele me encarou intensamente, os olhos fundos e marcad
Minha mente disparou em alerta. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, encarando Davi como se ele fosse um completo estranho. Nunca imaginei que ele pudesse ser tão nojento e perturbador.— Davi! Isso é crime! É melhor você sair agora, ou eu… Ah!Antes que eu pudesse terminar minha ameaça, ele tentou me puxar para dentro do apartamento.O instinto de sobrevivência tomou conta de mim. Agarrando o batente da porta com todas as forças, eu me recusei a entrar. Eu sabia que, se ele conseguisse fechar a porta, seria o meu fim.— Socorro! Socorro! — Gritei o mais alto que pude, mas, no instante seguinte, ele abaixou a cabeça e tentou me beijar à força.Eu me recusei a ceder. Virei o rosto e lutei com toda a minha força para afastá-lo. Minhas mãos tatearam desesperadamente o móvel ao lado da porta, e eu agarrei o que quer que estivesse ali. Sem pensar, golpeei Davi com o objeto que peguei.— Au! Au! — Foi quando Higger, meu cachorro, saiu correndo de dentro do apartamento e come
Os policiais começaram a perguntar sobre o ocorrido, e eu colaborei, contando em detalhes tudo o que havia acontecido, incluindo o escândalo de traição de Davi durante o casamento.Um dos policiais, de repente, perguntou:— Aquele vídeo que viralizou recentemente, no qual o noivo troca a noiva no altar... eram vocês?Eu não hesitei. Afinal, a vergonha não era minha, e sim dele. Assenti com a cabeça:— Sim, fomos nós. Agora ele quer reatar, mas eu não quero. Estou insistindo no divórcio, então ele me agrediu e ainda tentou me estuprar.Ao dizer isso, algo clareou na minha mente. O que aconteceu hoje à noite poderia ser usado como prova no tribunal. Davi agora teria um registro policial por violência doméstica, algo que jogaria a meu favor durante o processo de divórcio.O policial assentiu, compreendendo:— Certo. Entendemos a situação. Já está tarde, pode ir para casa.— Obrigada, senhor policial. — Agradeci, me levantando, mas não consegui evitar perguntar: — E ele? O que vai acontece