Tank decidiu que precisava voltar para casa, retomar a vida que tinha antes de Dállia, antes Amara era a única pessoa que o prendia a lucidez, agora, também havia Isaac. O garotinho realmente tinha o olhar doce e cheio de esperança como Buck havia dito e estava melhorando graças a Dállia. Ao menos para alguma coisa boa aquele casamento havia servido. Sorriu enquanto tomava mais um gole de conhaque direto do gargalo, os outros carros ficavam para trás como se estivessem parados. Mas lembrou de Louis, a ex-noiva havia implorado, chorado, e ainda assim ele simplesmente desligou o telefone. Agora entendia o que a garota sentiu com aquele telefonema, com todas as vezes que a ignorou para ficar com Dállia, as ligações e mensagens que ele nunca respondia. Entendeu e sentiu pena na menina. Secou o rosto, o vento frio não era o suficiente para conter as lágrimas, outro gole, o pé mais fundo no acelerador. Reduziu a marcha, queria chegar logo. De todas as coisas que existiam no mundo, a
Sombra atendeu a ordem do filho, não estava no condomínio, mas tinha quem repassasse sua vontade. Precisou ajudar um amigo e passou um tempo organizando isso. Não que o rapaz merecesse, mas, o atual conselheiro da organização acreditava que o amor não podia ficar preso a defeitos. Estava fazendo a sua parte, apesar de acreditar que quando o filho descobrisse, boa parte do que estava fazendo se perderia. Quando chegou encontrou uma espécie de acampamento no meio da área central do condomínio. Deu risada, eram centenas de pessoas que moravam naquelas terras e imaginou que seria no mínimo divertido se reunirem. Já fazia muito tempo que isso não acontecia. Encontrou Nick, o filho de Fera parecia perdido entre as crianças e a caçula de Sombra correu para os seus braços. Caiu com o impacto, mas não a soltou. — Esquisitinha! Era assim que ele chamava a filha, uma piada interna, a garota apesar de ser adotada tinha uma semelhança assustadora com a esposa do capo. Ajudou a organizar
Tank quase rosnou para Sombra e o senhor meio que se afastou com o cheiro de álcool, também gostava de tomar suas cervejas, mas aquilo mais parecia conversar com um tonel de destilado. E enquanto os outros soldados usavam ferramentas e chaves para tirar os parafusos e soltar as barras de aço que seguravam as lonas. Tank agia como um animal enjaulado arrancava as barras de aço do chão usando apenas as mãos. A dor era real, mas pelos cortes nas palmas das mãos, nem pelo hematoma que conseguiu quando puxou de mal jeito uma corda e o gancho que estava na ponta acertou o seu rosto, não era o corpo que doía. O suor ardia nos olhos, a raiva pode ser um combustível poderoso. E ele sentia ódio de cada homem e mulher daquele lugar, de todos, mas principalmente de si mesmo. Na mente perturbada pelo álcool e pela dor, a imagem de Dállia sendo beijada por um homem bonito, bem-vestido, inteligente. Tudo o que ele não era. — Por isso me pediu para usar aquela camisa idiota, né, sua puta! Era
Um raio de sol entrava por uma pequena fresta aberta da janela, a casa de madeira era escura e o cheiro estranho, mas o brilho que entrava potente a encantou. Partículas de poeira dançavam na luz enquanto o corpo de Dállia se movia com o impulso do corpo velho sobre o dela.Os sons eram estranhos, bizarros, mas ela se focou na luz, no tímido raio solar e na poeira dançante. Já estava acostumada com a dor, a maioria das vezes nem incomodava mais.Foi virada de bruços sobre a mesa, a toalha branca ficou enrolada sob o seu corpo, os movimentos continuaram, firmes, violentos e acompanhados daqueles ruídos animalescos.E foi exatamente nesse minuto que tudo mudou.Quando Dállia foi virada sobre a mesa ela lamentou que não pudesse mais olhar para a luz e foi na escuridão que seus olhos cruzaram com os de Tank pela primeira vez.Ele estava ali, parado, olhando para ela como se visse um animal ser abatido. Uma mistura de desprezo e pena que a fez fechar os olhos, segurou mais firme na borda d
Ele era diferente, não se parecia em nada com os homens da comunidade em que Dállia vivia antes de ser vendida ao marido. Tank parecia rústico e ao mesmo tempo os olhos traziam uma força diferente, dilacerante, algo que a atraia.Mas os dias passaram e ele nem sequer a olhou, nem mesmo uma única vez. Tank passava por ela como se ninguém existisse, somente ele e Amara.De certa forma, havia beleza naquele desprezo, era como se Tank e a irmã pudessem viver em um mundo próprio, algo só deles, onde as risadas e as músicas se espalhavam pela casa de um jeito que Dállia achava lindo.Em uma manhã, depois que o marido saiu para o trabalho, ela se aproximou devagar do quarto de Amara, a música estava alta e os irmãos conversavam animados enquanto comiam algo que Tank havia comprado.Eles não comiam nada que ela cozinhasse, não importava o quanto Dállia se esforçasse para agradar, Tank sempre passava em algum lugar e trazia marmitas que dividia com a irmã. Se esforçou para ouvir o que falavam.
Tank voltou para casa após o treino ser cancelado, detestava todas as vezes que isso acontecia, mas Dylan não era um soldado comum, tinha manias estranhas, não avisava quando faltaria e vivia correndo atrás da mulher como um cachorrinho abandonado.Ninguém achava Zoey bonita o bastante para receber tanta atenção, mas jamais alguém ousou falar isso, ao menos não para o chefe de treinamento. Seria como pedir para passar uma longa temporada no centro médico e talvez, nem voltar.Abriu a porta com um humor péssimo, odiava aquela casa e tudo o que ligava ao pai. Russo nunca foi um pai amoroso, mas as coisas tinham piorado muito desde que a mãe de Tank faleceu.Respirou fundo e entrou, teria ido direto para o quarto se a música que vinha do quarto da irmã não tivesse chamado a sua atenção.— Amara, droga! Faltou à aulaReclamou apenas em pensamento, não quis chamar atenção da irmã, achou que a pegaria em flagrante. Precisava que ao menos Amara tivesse um futuro, que alguém daquela família f
Um amor impossível, os dois sabiam, não podiam continuar. Russo era um homem da máfia, um homem marcado por dores que o transformaram, temido pela sua capacidade de matar sem sentir, odiado por todos, até mesmo pelos filhos.Ela tentou falar, mas ele a segurou mais forte, mais perto, subiu a mão pelas costas de Dállia, ela tremeu.Tremeu porque nunca havia sentido nada parecido, nem mesmo teve chance de conhecer o amor.Antes aprendeu sobre dor, crueldade, submissão.Mulheres como ela não podiam amar, como aprender sobre algo que nunca viu?O rapaz deslizou a mão, que antes segurava o rosto dela, gostou da textura da pele.Uma mulher podia ser tão suave?Aproveitou com carícias lentas. Cuidadoso, quase como se tivesse medo de machucá-la.Os olhos acompanharam a mão, deslizou o polegar pelo pescoço delicado, desenhou os ossos da clavícula exposta pelo vestido. Aquela visão parecia incendiar sua alma.Segurou a coxa da menina e ergueu a perna de Dállia a fazendo enlaçar sua cintura. Pre
Tank chegou segurando uma caixa enorme, não olhou para Dállia, só colocou o embrulho sobre a mesa e ela ousou falar com ele pela primeira vez desde que o rapaz a deixou no quarto abraçada ao próprio corpo.— O que é isso?Tank não sabia o que responder, havia demorado horas escolhendo o vestido que achava que ficaria perfeito no corpo dela. A menina era linda, mas estava sempre usando roupas sensuais.Parecia um anjo vestindo roupas que simplesmente não combinavam com ela.Sabia que o pai a obrigava a se vestir daquela forma, já tinha visto várias vezes ele chegar suado e colocar as mãos no corpo da menina. Ela não era sua esposa, era uma boneca que ele tinha comprado.O rapaz achou que também podia pagar, talvez um presente, mas por alguma razão achava que aquele vestido delicado combinava bem mais com a madrasta do que as roupas que o pai jogava no chão gritando para que ela vestisse.— É para você, por aquele dia. O pagamento.Dállia sentiu o coração despedaçar no peito, as lágrima