Eu segurei Tomás nos braços e entrei no carro.
Ao ver Tomás, uma expressão de surpresa passou rapidamente pelo rosto do assistente.
— Srta. Cláudia, este é...
Acariciei o rostinho rechonchudo de Tomás e o apertei um pouco mais junto de mim.
— Meu filho.
Os olhos do assistente se arregalaram levemente, mas ele não disse mais nada.
Ele dirigiu até o hotel onde Mário e Kátia haviam celebrado o casamento.
Após seis anos de casamento, Mário mimara Kátia ao extremo.
Fosse aniversário ou aniversário de casamento, ele sempre organizava grandes jantares.
Desta vez, me trazer de volta provavelmente era para que eu visse o quanto Kátia era bem-sucedida, o quanto eles eram felizes.
Também para que eu perdesse qualquer esperança de vez.
Assim que desci do carro, vi Kátia acenando para mim.
Comparada ao meu rosto um tanto abatido, Kátia parecia exatamente uma madame rica e bem cuidada.
As joias e roupas caras denunciavam o amor de Mário por ela.
Ao ver Tomás em meus braços, o sorriso de Kátia congelou no rosto.
Com certa surpresa, ela apontou para Tomás.
— Cláudia, você teve um filho no exterior? Mário também não sabia? Você escondeu tão bem assim?
Antes que eu pudesse responder, Kátia já estava entretendo Tomás por conta própria.
Tomás não gostava de ser tocado por estranhos e ficava se esquivando.
Apressada, comecei a acariciar suas costas para acalmá-lo.
Na verdade, Kátia sabia dos meus sentimentos por Mário.
Dessa vez, eu não queria ter nenhum envolvimento maior com nenhum deles.
Ignorando a resistência de Tomás, Kátia insistiu em pegá-lo no colo.
Perto da porta do reservado, Tomás finalmente não aguentou e começou a chorar.
Rapidamente estendi os braços para pegá-lo de volta. Kátia forçou um sorriso e me devolveu Tomás.
— Mário sabe que eu tenho medo de sentir dor, ter filhos é muito doloroso, ele tem pena de mim, por isso nunca tivemos filhos.
— Não imaginei que você teria um filho.
Enquanto falava, ela empurrou a porta do reservado, onde já havia algumas pessoas sentadas.
Eu não queria conversar, então me sentei no canto mais afastado.
Kátia sentou-se diretamente ao meu lado.
Com muita animação, ela passou o braço pelo meu ombro e apresentou Tomás e a mim aos outros.
Eu não suportei aquele clima estranho e fui até o banheiro.
Ao voltar, ouvi a voz de Kátia.
— Não chamem Cláudia de peso morto, Mário a sustentou por vários anos, já somos praticamente uma família.
— Mário é meu marido, isso ninguém pode mudar.
— Antes, Cláudia era jovem e ingênua, ter pensamentos estranhos é normal. Agora que já tem filho, não deve haver mais problema algum.
Fiquei parada na porta, ouvindo em silêncio.
É isso mesmo, aos olhos dos outros, eu era alguém que se apaixonou por alguém que poderia ser meu tio, uma pervertida, uma louca que não respeitava os laços familiares.
Tomás, um pouco inquieto, segurou minha mão. Eu lhe dei um beijo e entrei no reservado.
Algumas coisas, uma vez superadas, devem ser enfrentadas com tranquilidade.
Não sei quanto tempo se passou, mas a porta do reservado se abriu.
— Sr. Gomes!