George olhou na direção de Vinicius e perguntou:
— Você quer ir até ele?
Balancei a cabeça negativamente. Naquele momento, o que Vinicius precisava era de solitude.
George não insistiu. Após alguns segundos de silêncio, desviei o olhar e disse:
— Vamos.
Enquanto o carro avançava, pelo retrovisor, eu ainda podia ver Vinicius, parado na mesma posição, olhando para o céu. Sua dor parecia tangível, uma escultura de tristeza moldada naquele gesto estático.
O clima pesado me acompanhou até o quarto de Benedita. George percebeu meu estado, mas nada comentou. No entanto, ao entrarmos, ele segurou minha mão, seus dedos entrelaçando-se aos meus.
No instante em que senti o calor de sua mão, entendi seu gesto. Sorri para ele:
— Não se preocupe, não deixarei que isso afete Benedita.
— Eu não queria estragar seu apetite. — Ele apertou suavemente minha mão. — Cada um carrega sua dor, mas há feridas que só se curam por si mesmas.
— Sim. — Respondi, respirando fundo antes de abrir a porta do quarto.