RUBY PORTMAN
No elevador, o silêncio era espesso. Eu sentia o calor do corpo dele ao meu lado, tão próximo e ainda assim intocável. O meu peito pesava com perguntas que eu não sabia como formular. Será que ele ainda me desejava? Será que alguma coisa havia mudado desde aquele jantar submerso e aquele anel que agora pesava discreto no meu dedo? Será que ele sabe dos meus pensamentos e dúvidas?
No carro, ele ligou o rádio numa estação de jazz instrumental. Não falamos quase nada até chegarmos ao restaurante. E mesmo durante o brunch — em um lugar elegante, com garçons que pareciam saídos de uma revista e pratos que pareciam esculturas — a conversa foi superficial. Assuntos neutros, como se fôssemos dois colegas tentando evitar atrito.
Foi só quando já estávamos no estacionamento, prestes a entrar no carro de novo, que resolvi quebrar o gelo.
— Posso te perguntar uma coisa? — A minha voz soou mais frágil do que eu gostaria. — Harry virou o rosto para mim, os olhos semicerrados pela luz do